Os rostos estampavam cansaço e alegria. Emanuel e Ricardo compareceram à entrevista coletiva na Casa Brasil, na capital grega, nesta quinta-feira, com a tranqüilidade de sempre e com as medalhas de ouro dos Jogos de Atenas muito bem guardadas no bolso da calça do uniforme.
Os dois mal dormiram depois da conquista inédita do vôlei de praia masculino do Brasil, na quarta-feira, 25. Saíram para jantar em comemoração ao feito e fizeram questão de passar as poucas horas de sono que tiveram ao lado da medalha dourada, para vê-la assim que acordassem.
Agora, o desejo de Ricardo é reencontrar os filhos Giulia, de um ano; e Pedro, que fará oito anos neste domingo e comer feijoada. Para Emanuel, a prioridade é pegar o filho Mateus, de sete anos, na escola e matar a fome em uma churrascaria. A primeira comemoração, porém, será no desembarque que prevê desfile em carro do Corpo de Bombeiros no Rio de Janeiro, na manhã desta sexta-feira.
- Volto muito feliz. Conquistei um lugar que é o mais importante da minha vida e quero dividir essa alegria com todo mundo no Brasil. Depois, é trabalhar para 2007, meu próximo objetivo - afirmou Emanuel, referindo-se aos Jogos Pan-americanos RIO-2007.
- Já caiu a ficha. A gente estava muito preparado e queria explodir de emoção. Acordei ao lado da medalha. Quero agradecer aos deuses olímpicos - disse Emanuel, com um largo sorriso.
O paranaense contou que recebeu muito apoio de Shelda e Adriana, que, na terça-feira, 24, conquistaram a prata nos Jogos de Atenas.
-Encontramos as duas no restaurante da Vila Olímpica depois da final delas e elas estavam tranqüilas. Deram muita força para a gente. A Shelda, mesmo perdendo, me motivou muito para ser campeão olímpico - ressaltou.
Na expectativa de como será a recepção na volta ao Brasil, Ricardo relembrou com felicidade a final olímpica do vôlei de quadra em Barcelona-92, quando o Brasil ganhou o seu primeiro ouro em esportes coletivos.
- Vibrei muito quando o Brasil foi campeão na quadra e, agora, vou poder vivenciar o outro lado da moeda, como atleta. Quando voltarmos, vamos ter a noção do que é ser campeão. É o calor do povo que vai nos dar essa noção - declarou Ricardo.
A saudade da família é grande, mas Emanuel encarou com bom-humor o fato de ainda não ter conseguido entrar em contato com os pais, que moram em Curitiba (PR).
- Tentei falar com os meus pais depois da final, mas o telefone deles deu ocupado a noite toda. Fico feliz com isso. Acho que eles receberam mais ligações do que eu -
A pergunta para a dupla foi inevitável: e Pequim-2008? "Por que não?", replicou Emanuel.
- Vencer nos Jogos Olímpicos é um espetáculo. Você fica sem pensamento na hora. É uma experiência única -