Rio de Janeiro, 30 de Dezembro de 2024

Embraer vê "concorrência desleal" em financiamento a Bombardier

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Segunda, 16 de Maio de 2005 às 11:56, por: CdB

A Embraer deve se reunir nos próximos dias com o Itamaraty para denunciar subsídio do Canadá para que a rival Bombardier desenvolva novos aviões. A decisão sobre abrir nova queixa à Organização Mundial do Comércio (OMC) depende do governo brasileiro.

- Isso aí, no mínimo, configura concorrência desleal - afirmou à Reuters nesta segunda-feira o vice-presidente de Relações Externas da Embraer, Henrique Rzezinski.

- Foi uma decisão unilateral do Canadá desnivelar a concorrência.

Na sexta-feira, a Bombardier divulgou pacote de financiamento de 700 milhões de dólares dos governos do Canadá, Província do Quebec e Grã-Bretanha ao projeto "C Series" - aviões de 110 a 130 assentos, que vão concorrer com as maiores aeronaves fabricadas pela Embraer.

- Quando Canadá e Brasil decidiram resolver suas diferenças em negociações bilaterais, o objetivo era fazer com que financiamento fosse coisa neutra, que a escolha fosse pela qualidade do produto - argumentou o executivo da Embraer.

Ele avalia que as negociações entre os dois países estão agora "abaladas".

A fabricante brasileira vai analisar os detalhes do financiamento à Bombardier para identificar se configura concorrência desleal e não-conformidade com as regras da OMC, mas a opinião da empresa já está formada.

- De antemão a gente sabe que esse volume imenso de recursos colocado pelos governos configura concorrência desleal - afirmou.

O objetivo da Embraer é cortar todos os subsídios à concorrente, segundo o executivo.

- Vamos produzir nossa avaliação rapidamente, mas as decisões do governo são mais complexas, envolvem negociações com o Canadá - observou Rzezinski.

Não havia representantes do Ministério de Relações Exteriores brasileiro imediatamente disponíveis para comentar o assunto.

Na sexta-feira, os Estados Unidos expressaram preocupação com o apoio governamental à Bombardier, com um porta-voz da representação comercial afirmando que o país é contra subsídios para o desenvolvimento e a produção de grandes aviões civis.

A fabricante canadense ainda condiciona o novo projeto de aviões à obtenção de clientes firmes e de parceiros de risco. Mas mesmo que leve alguns anos até os aviões "C Series" chegarem no mercado, Rzezinski acredita que o efeito sobre a concorrência já existe.

- Na aviação, quando se lança produto, já começa a mexer com o mercado, já está concorrendo com o nosso produto - afirmou, afastando, porém, impacto imediato na carteira de pedidos da Embraer.

Segundo o executivo, a Embraer levantou 1 bilhão de dólares para desenvolver sua nova família de aviões, sem colaboração do governo --cerca de 350 milhões de dólares na Bolsa de Nova York, 350 milhões de dólares com parceiros de risco e 300 milhões de dólares de geração própria de caixa.

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