Eleições na Nigéria marcadas por fraudes

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Publicado terça-feira, 22 de abril de 2003 as 09:11, por: CdB

O presidente da Nigéria, Olusegun Obasanjo, espera ser declarado, nesta terça-feira, vencedor da eleição presidencial marcada por acusações de fraude nos votos. Os nigerianos esperam encerrar décadas de instabilidade com a primeira transferência de poder entre governos eleitos. Um processo eleitoral suave ajudaria a melhorar a imagem internacional do país e de Obasanjo.

Mas as crescentes acusações de fraudes eleitorais, após as esmagadoras vitórias do partido do governo e mesmo em redutos da oposição, foram ressaltadas por observadores independentes e provocaram temores de erupção de violência. O principal partido de oposição rejeitou os resultados oficiais, que mostram Obasanjo – cristão nascido no sul da Nigéria – com liderança de 21,8 milhões de votos, ou 61,7 por cento, após contagem de três quartos das urnas.

Muhammudu Buhari, oriundo do norte de maioria muçulmana do oitavo maior exportador de petróleo do mundo, teve somente 11,3 milhões de votos, ou 32,1 por cento. Os outros 18 candidatos à presidência do país mais populoso da África, com 120 milhões de habitantes, dividiram o restante dos votos. “Não consideramos isso uma eleição em qualquer alcance da imaginação,” disse um porta-voz do grupo de Buhari, o All Nigeria Peoples Party (Partido de Todos os Povos da Nigéria, da sigla em inglês ANPP).

O ANPP convocou uma reunião com os outros 28 partidos de oposição na terça-feira para debater os próximos passos. Buhari ameaçou na semana passada lançar uma “operação em massa” em caso de fraude na eleição presidencial e para 36 governadores, realizada no sábado. O Partido Democrático Popular (PDP) de Obasanjo também teve grande maioria na eleição legislativa e ficou com 27 governos estaduais, segundo os resultados mais recentes.

“Temos sérias preocupações sobre a legitimidade dos resultados em alguma seções,” disse Kenneth Wollack, presidente do Instituto Nacional Democrático, de Washington. O grupo disse que viu “fraude, intimidação, violência e violação de urnas,” especialmente nas regiões do delta do rio Níger, no sul, e no sudeste. O Instituto Republicano Internacional (IRI), grupo de monitoração eleitoral ligado ao partido do presidente dos EUA, George W. Bush, disse que houve “fraude, ou tentativa de fraude” em três Estados.