O dólar já abriu em forte alta esta sessão após o BC anunciar, no noite passada, que interrompeu a oferta de leilões quase diários de swaps cambiais reversos, equivalentes à compra futura de dólares
Por Redação, com Reuters - de São Paulo
O dólar aprofundou ainda mais a alta nesta quinta-feira, a cerca de 4% e encostando em R$ 3,35. A moeda norte-americana fechou a R$ 3,39, com forte onda de aversão ao risco por conta da vitória de Donald Trump nos EUA. Pesou, também, a ausência do Banco Central brasileiro no mercado de câmbio.
Pesavam, ainda, fluxos de saída de dólares e preocupações sobre o futuro político do presidente Michel Temer. Às 12:45, o dólar avançava 3,97%, a R$ 3,3370 na venda, depois de ter marcado R$ 3,3500 na máxima do dia. O dólar futuro marcava quase 4% de alta neste início de tarde.
— O investidor estrangeiro está 'stopando' as posições em dólar e saindo — comentou o gerente da B&T Corretora, Marcos Trabbold.
Venda futura
O dólar já abriu em forte alta esta sessão após o BC anunciar, no noite passada, que interrompeu a oferta de leilões quase diários de swaps cambiais reversos, equivalentes à compra futura de dólares. O objetivo é "acompanhar e avaliar as atuais condições de mercado" após a inesperada vitória de Trump.
Segundo dados do BC, há US$ 6,491 bilhões em contratos de swap tradicional — equivalentes à venda futura de dólares — que vencem em 1º de dezembro e que, se o BC mantivesse o movimento até então, poderiam ser anulados se os leilões de reversos fossem mantidos neste mês.
— É um volume considerável — comentou o operador da corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado, lembrando que o estoque total de swaps tradicionais equivale a US$ 24,106 bilhões.
Cheque compensado
Em outubro, o BC anunciou que não anularia integralmente os contratos que venceram em 1º de novembro. Isso também gerou pressão de alta sobre a moeda norte-americana.
— O mercado não sabe até quando o BC não fará leilões de swap reverso. E já está procurando 'hedge', antecipando uma ausência futura — explicou o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva.
Pesou também a notícia publicada com antecedência no Correio do Brasil, de que a defesa da ex-presidente Dilma Rousseff entregou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) documentos que apontam doação de R$ 1 milhão à campanha eleitoral de 2014 pela empreiteira Andrade Gutierrez. Os valores foram depositados em conta corrente do então vice-presidente Michel Temer, companheiro de chapa da petista na eleição.
— O externo predomina, mas aparecem notícias negativas. E o investidor prefere desmontar sua posição e ver como vai ficar — resumiu um profissional da mesa de câmbio.
No exterior, os investidores ainda pressionavam as moedas emergentes, como o peso mexicano e o rand sul-africano. O movimento ocorreu após a vitória de Trump à Presidência dos Estados Unidos. Embora tenha adotado um tom mais conciliador em seu discurso após as eleições, o republicano ainda gerava cautela nos mercados.