O dólar comercial subiu mais 0,83% nesta terça-feira e fechou cotado a R$ 3,027 na compra e R$ 3,030 na venda. A alta foi atribuída essencialmente à proximidade do vencimento de uma dívida pública que será remunerada pela cotação do dólar.
Os cenários interno e externo não apresentaram motivos concretos para justificar a terceira valorização consecutiva do dólar sobre o real. No mercado de juros, as atenções se concentraram na divulgação de índices de preços e nas apostas para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
O volume de negócios no mercado de câmbio foi bastante escasso, principalmente no período da tarde. A retração já faz parte da estratégia de bancos para pressionar o dólar com eficiência e poucos gastos.
Quanto maiores estiverem as cotações da moeda americana nesta quarta, maior será a Ptax (média das cotações), que vai remunerar os credores do governo. Da dívida de US$ 1,3 bilhão que vence quinta-feira, o Banco Central (BC) renegociou apenas 24,1%, deixando cerca de US$ 1 bilhão sem cobertura.
- O dólar enfrentou alguma volatilidade e insistiu em fechar em alta, diante da disputa pela Ptax. Mas essa pressão não deve se sustentar, já que não há motivos fundamentais para isso - disse Hélio Ozaki, analista da Finambrás, maior corretora de câmbio interbancário.
Segundo Ozaki, o dólar deve continuar a oscilar no intervalo entre R$ 2,95 e R$ 3,05. Ele afirma que o cenário menos otimista para o final do ano não justifica uma queda além de R$ 2,95. Por outro lado, não vê no horizonte motivos para um dólar excessivamente pressionado.
O mercado recebeu sem surpresas a manutenção dos juros básicos americanos, que continuarão em 1% ao ano. Também o leilão de títulos prefixados realizados semanalmente veio dentro do esperado, já que as taxas ficaram de acordo com a curva de juros projetada para o ano que vem.
O cenário político continuou a ser monitorado de perto pelos investidores, que têm visto com bons olhos os esforços do governo para apressar a tramitação das reformas previdenciária e tributária, driblando obstáculos impostos pelos parlamentares.
Outro assunto que ganha importância é a definição dos juros básicos da economia, prevista para a próxima semana. O IGP-M de agosto mostrou estabilidade dos preços na primeira semana de agosto.
O IPC-Fipe foi praticamente idêntico, com baixa de 0,01% na primeira quadrissemana deste mês. O IGP-DI, por sua vez, mostrou deflação de 0,2% em julho. As taxas têm ficado abaixo das previsões e mostram que há espaço para novos cortes na taxa Selic, nesta terça-feira de 24,50%.
As taxas de juros negociadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) fecharam praticamente estáveis nas projeções mais curtas e em leve alta nas mais longas, estas influenciadas pela alta do dólar.
Os investidores dão como certo o corte de pelo menos 1,5 ponto na taxa Selic, e por isso as projeções mais curtas oscilaram pouco. O Depósito Interfinanceiro (DI) de setembro, que projeta os juros de agosto, fechou em 23,54% ao ano, contra os 23,57% do fechamento de ontem. O DI de abril de 2004, o mais negociado, ficou em 21,35% ao ano, contra 21,37% do fechamento anterior.
Dólar fecha a R$ 3,03 com alta de 0,83%
Arquivado em:
Terça, 12 de Agosto de 2003 às 15:47, por: CdB