Dois índios da tribo trucá são assassinados em Pernambuco

Dois índios da tribo trucá foram assassinados no último sábado em suposta emboscada promovida em uma reserva indígena da tribo, na ilha de Assunção, localizada no rio São Francisco, município de Cabrobó (550 km de Recife, PE). As vítimas, Sérgio Ribeiro da Cruz, 27, e Geneildo Júnior Gonçalves Araquan, 20, foram mortos com vários tiros, a maioria deles na cabeça. No local do crime os policiais encontraram cartuchos vazios de pistola, revólver e fuzil. Também encontraram sacos plásticos e restos de comida, o que reforçaria a hipótese de que os assassinos aguardavam ali a passagem de Cruz e Araquan. A Polícia Federal, que investiga o caso, não tem pistas dos criminosos, mas acredita que eles também são índios da mesma tribo. Os trucás têm dois caciques. A disputa por poder já provocou a morte de pelo menos seis pessoas na reserva nos últimos três anos. Cruz seria suspeito de envolvimento em um duplo homicídio ocorrido em março passado, na mesma reserva. No crime, foram mortos os irmãos João Batista e Antonio Roberto Gomes. Drogas Outra possibilidade investigada pela PF é de envolvimento dos índios mortos com assaltantes e traficantes que atuam na região. Cabrobó é um dos vértices do chamado "polígono da maconha", área localizada no sertão de Pernambuco que concentra a maior parte das lavouras da droga no Nordeste. Cerca de 4.000 índios trucás vivem no polígono. Desse total, 2.500 estão na ilha de Assunção, na divisa com a Bahia. A ilha teria se tornado local estratégico para a passagem de criminosos e rota do narcotráfico. No mesmo dia do crime, policiais federais de Salgueiro, município que também integra o polígono, apreenderam 1.053,6 kg de maconha prontos para consumo e 92 bolas de haxixe, em duas operações. Em Ouricuri, os policiais encontraram 308,2 kg da droga em uma camionete. Horas depois, localizaram mais 745, 4 kg na fazenda São Bento, zona rural de Dormentes. Dois homens foram presos. Segundo a PF, um deles estava armado com uma espingarda calibre 20 e dois revólveres. A Funai (Fundação Nacional do Índio) deve enviar na próxima segunda-feira um representante a Cabrobó para investigar o conflito.