O ritmo de crescimento da dívida federal em títulos vai acelerar neste ano como resultado da estratégia do governo de recompor as reservas internacionais e pelo aumento da demanda de papéis de longo prazo, informou o Tesouro Nacional nesta quarta-feira.
Segundo projeções do Tesouro, a dívida vai fechar o ano entre 940 bilhões e 1 trilhão de reais, o que representará crescimento entre 16 e 23 % sobre o estoque de dezembro passado. Em 2004, a dívida cresceu 11 %.
O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, afirmou a jornalistas que esse aumento será, em parte, reflexo do esforço de recomposição das reservas do país.
A emissão de títulos serve para enxugar os reais jogados no mercado com a compra de dólares.
Segundo Levy, a projeção do crescimento da dívida também leva em conta um aumento no apetite por papéis de longo prazo por parte de investidores --após um ano de relativa retração por causa de iniciativas como o lançamento da conta investimento.
"Nossa expectativa é de que haja migração de recursos hoje aplicados em operações compromissadas", afirmou.
O Plano Anual de Financiamento (PAF) para este ano estabelece ainda intervalos para a composição da dívida que variam entre uma projeção mais otimista --com queda da dívida cambial e aumento da prefixada-- e outra mais conservadora, em que os vencimentos fecham o ano com o perfil praticamente inalterado.
Segundo Levy, as estimativas foram construídas com base em diferentes cenários, que levaram em conta uma menor ou maior pressão sobre o câmbio e a possibilidade de redução dos juros, entre outros fatores.
O programa prevê que a dívida atrelada ao câmbio, excluindo os contratos de swap cambial, feche o ano entre 3 e 5 % do estoque total, ante 5,2 % em dezembro.
A parcela dos títulos corrigidos pela Selic deverá fechar 2005 entre 47 e 57 % do total e os papéis prefixados, entre 20 e 30 %.
O Tesouro também tem como meta que o prazo médio da dívida fique entre 28 e 34 meses.
No ano passado, o governo cumpriu as metas de composição da dívida, mas estourou os limites de prazo estabelecidos no PAF. O estoque da dívida mobiliária interna fechou 2004 em 810,3 bilhões de reais e prazo médio de 28,1 meses.
A parcela da dívida atrelada à Selic encerrou dezembro em 57,1 % e a dos papéis prefixados ficou em 20,1 %.
Incluindo as obrigações externas --mobiliária e contratual--, a estimativa é de que a dívida pública federal chegue ao intervalo de 1,160 trilhão a 1,240 trilhão de reais.