O diretor Anthony Minghella, vencedor do Oscar pelo filme O Paciente Inglês, voltou suas atenções para a ópera, com a montagem de Madame Butterfly, de Puccini.
A produção, em Londres, dividiu os críticos.
Em sua primeira ópera, Minghella apostou tudo no impacto visual, em uma produção muito influenciada pelo teatro japonês, com balés com leques, pássaros de origami, um teto espelhado que revela áreas do fundo do palco e um assoalho preto laqueado e inclinado.
O que provocou maior controvérsia é a representação do filho de Butterfly por uma marionete manipulada por três homens "invisíveis", vestidos com mantos pretos e que ficam no palco.
Em uma pré-estréia no fim de semana na English National Opera (ENO), a produção foi recebida calorosamente, em particular a performance da cantora britânica Mary Plazas, no papel-título.
Os críticos, porém, se dividiram. Para alguns, Minghella deu prioridade ao estilo em vez do conteúdo.
- O conceito de Minghella tira o coração e a alma da obra. Trata-se de uma performance para conhecedores da Vogue, não para os amantes da ópera - explicou na segunda-feira Rupert Christiansen, do jornal Daily Telegraph.
Richard Morrison, do Times, achou que o uso de marionetes foi um pouco longe demais no toque oriental. As emoções italianas e as marionetes japonesas realmente não se misturam bem.
Na crítica mais positiva, Edward Seckerson, do Independent, deu ao espetáculo a classificação máxima, cinco estrelas.
- Essa Butterfly é ao mesmo tempo a coisa mais simples e mais suntuosa que já vimos nesse teatro - declarou.
Minghella, nascido na Inglaterra, ficou mais conhecido pela direção de O Paciente Inglês, de 1996, com Juliette Binoche e Ralph Fiennes. Em Madame Butterfly, ele trabalhou com sua mulher, a coreógrafa Carolyn Choa.
A produção será apresentada na ENO até 13 de dezembro, e depois vai para a Metropolitan Opera de Nova York.