Condenado por Moro a 23 anos de prisão, Dirceu cumpre pena em regime fechado há mais de três anos, ainda que a pena aplicada na Ação Penal 470, processo conhecido como ‘mensalão’, tenha sido perdoada
Por Redação - de São Paulo
Preso em Curitiba por ordem do juiz Sergio Moro, o líder petista José Dirceu escreveu uma carta ao amigo, o jornalista e escritor Fernando Morais. Autor do best-seller Chatô, o Rei do Brasil, Morais divulgou, neste domingo, o conteúdo do texto de Dirceu. O ex-chefe da Casa Civil no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostra-se decidido a participar, ainda que em pensamento, do movimento pela deposição do presidente de facto, Michel Temer.
Condenado por Moro a 23 anos de prisão, Dirceu cumpre pena em regime fechado há mais de três anos, ainda que a pena aplicada na Ação Penal 470, processo conhecido como ‘mensalão’, tenha sido perdoada no despacho do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). Barroso decidiu, em outubro deste ano, conceder o perdão do restante da pena de sete anos e 11 meses de prisão, definida no julgamento, em 2013. Na decisão, o ministro baseou-se no parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Traição da Globo
Da prisão, Dirceu recorre de todas as sentenças e acompanha, da forma possível, os desdobramentos políticos do golpe de Estado, em marcha desde 13 de Maio deste ano. De seu cárcere, Dirceu pede que a população vá às ruas contra Michel Temer e as Organizações Globo. Ainda no governo do presidente Lula, Dirceu foi um dos principais articuladores da aliança com o PMDB, de Temer. Questionado pela mídia independente sobre a transferência bilionária de recursos do governo para as Organizações Globo, Dirceu deixou claro que havia uma aliança entre o PT e o grupo de mídia dominante no país. Na carta a Morais, mostra-se magoado com a traição de Temer e dos Marinho, donos da Globo.
Leia, adiante, a carta de Dirceu a Morais, a qual assina com o
pseudônimo que usava na luta armada contra a ditadura militar:
“Mestre Fernando
Fiquei feliz pela foto em Havana com Raul e os companheiros, além da Mônica, unicamente senti não estar com vocês, mas me senti representado por você e o Breno (Altman, jornalista e editor da Revista Samuel e do site Opera Mundi).
Não vi Rafael Correa (presidente do Equador). Enviou algum representante? Vice-Presidente?
Lá estavam João Pedro (Stedile, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), (Guilherme) Boulos (líder do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Teto) e Vagner (Freitas, presidente da CUT) que agora tem a missão de ir às ruas e exigir justiça para todos, a renúncia de Temer et caterva, eleições gerais, constituinte, antes que façam um acordão, como já vem sendo pensado por Gilmar Mendes, a falada “operação contenção” para salvar o tucanato e o usurpador Temer.
É hora de ação, de pressão, de ir às ruas, de exigir, liderar e apontar rumos. É agora ou nunca. Sem conciliações e acordos, é hora de um programa de mudanças radicais, na política e na economia.
Bem, já está de bom tamanho para quem está preso e não deve meter o bedelho!
Você está gordo, cuide-se, precisamos de você, agora como nunca!
Temos ainda 20 longos anos de luta pela frente.
Até a vitória, sempre.
Delenda Rede Globo…
Daniel.
Obs: O STF se acumpliciou com as ilegalidades do Moro, com o golpe e pior, com a impunidade, o corporativismo judiciário!”