Ex-ministro e deputado cassado, José Dirceu - que ainda permanece filiado ao PT - participou nesta quinta-feira de um debate sobre a integração latino-americana e da América do Sul durante o 6º Fórum Social Mundial. Dirceu, que foi convidado para o evento pelo Instituto Valores, adiantou para os jornalistas brasileiros a sua opinião sobre o tema. Para ele, o atual quadro político no continente dá uma oportunidade única ao processo de integração.
- Nunca houve um quadro em que presidentes tivessem tanta afinação na América do Sul - disse.
O ex-ministro avalia que esse quadro está "claramente" relacionado à eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002. Negar isso, diz, "é querer desconhecer a realidade". Entre os atuais projetos de integração que Dirceu considera mais importantes estão a criação do Parlamento do Mercosul e de mecanismos de financiamento para a construção de infra-estrutura, como estradas, ferrovias e pontes. A integração energética, por meio de projetos nas áreas de gás, eletricidade e petróleo é outro ponto que Dirceu considera fundamental.
Para o ex-ministro, o processo de integração sobreviverá a mudanças políticas:
- Resistiu na Europa, vai resistir aqui. Não posso imaginar por que o empresariado brasileiro, as empresas multinacionais vão ser contra.
Dirceu diz que "não é apanágio da esquerda a integração da América do Sul", mas ressalva que é preciso haver "vontade política" e que, no caso dos políticos de direita no Brasil, há uma tendência a apoiar uma integração mais favorável a interesses dos Estados Unidos, com a adoção da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Entre os projetos futuros importantes para o processo de integração, Dirceu diz que é preciso "ousadia" para criar uma moeda comum e chama a atenção para a proposta recentemente formulada em encontro entre Brasil, Argentina e Venezuela, para a criação de um Conselho de Defesa Sul-Americano.