A intervenção norte-americana no Iraque viu-se prejudicada desde o início pela falta de forças e medidas adequadas para conter os saques generalizados depois da deposição do ditador Saddam Hussein, disse Paul Bremer, que na época era o encarregado pelos Estados Unidos de administrar o país árabe.
- Pagamos um alto preço por não impedir isso, porque isso estabeleceu um clima de ilegalidade no país - afirmou Bremer em um discurso divulgado pelo jornal The Washington Post na terça-feira.
- Nunca tivemos soldados suficientes na região - enfatizou.
As declarações de Bremer repetem as acusações feitas por adversários do governo, para os quais os EUA não conseguiram planejar adequadamente o período pós-guerra, disse o jornal.
No discurso desta segunda-feira, realizado em uma convenção de seguros em White Sulphur Springs (Costa Leste), Bremer disse que os EUA erraram ao prever um pós-guerra mais tranquilo, concentrando-se na mobilização de ajuda humanitária e nos problemas dos refugiados.
Não se previu que o país árabe fosse tomado pela violenta insurgência realizada atualmente por ao menos quatro grupos bem armados, segundo o Post.
- Houve planejamento, mas planejamento para uma situação que não se verificou - afirmou Bremer.
Um assessor de Paul Bremer afirmou ao jornal que essas declarações, como as feitas no mês passado na Universidade DePauw, não deveriam ser divulgadas, já que visavam apenas a uma audiência particular.
Em um comunicado enviado ao jornal na noite desta segunda-feira, Bremer ressaltou que apóia o plano do governo norte-americano de treinar as forças de segurança do Iraque bem como concorda com as estratégias adotadas pela Casa Branca para o país árabe.
- Acho que atualmente temos um número suficiente de soldados no Iraque - afirmou no comunicado.
Segundo o jornal, o comunicado de Bremer referia-se aos níveis de soldados em maio de 2003, quando ele chegou ao Iraque.