Dilma diz que fará "o diabo" para recessão ser a menor possível
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Terça, 07 de Julho de 2015 às 07:58, por: CdB
Com a subida de tom da oposição e o aumento das conversas sobre impeachment ou cassação, a presidenta Dilma Rousseff garantiu em entrevista publicada nesta terça-feira que não há base para isso e não vai cair.
Dilma disse ainda, ao jornal Folha de S.Paulo, que quer acelerar o ajuste fiscal e fará o possível para a recessão ser a menor possível.
Na entrevista Dilma disse: "Eu não vou cair. Eu não vou, eu não vou. Isso é moleza, isso é luta política. As pessoas caem quando estão dispostas a cair. Não estou. Não tem base para eu cair. E venha tentar, venha tentar. Se tem uma coisa que eu não tenho medo é disso".
Na matéria a presidenta diz que "para tirar um presidente da República tem que explicar por que vai tirar".
- Confundiram seus desejos com a realidade, ou tem uma base real? Não acredito que tenha uma base real - completou.
Dilma referiu-se a "uma certa oposição um tanto golpista", mas disse que não acha que toda oposição "seja assim".
Apesar de atritos crescentes com lideranças do PMDB, especialmente o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Dilma rejeitou qualquer problema com o partido - o maior da base governista e que tem o vice-presidente da República, Michel Temer- dizendo que não são os peemedebistas que querem seu afastamento e disse que acha o "PMDB ótimo."
Segundo a presidenta, acelerar o ajuste fiscal é fazer já tudo que for preciso, "porque quanto mais rápido fizermos, mais rápido sairemos dele".
Dilma disse ainda que o Executivo prepara "medidas estruturantes que contribuem ao mesmo tempo para o ajuste como para o médio e longo prazos", mas não disse quais seriam as medidas.
Admitindo estar surpresa com a intensidade da recessão da economia neste ano, Dilma disse que "até o final do ano vou fazer o diabo para fazer a menor (recessão) possível".
Reunião com presidentes e líderes de partidos
Na noite de segunda-feira, a presidenta reuniu-se com ministros, presidentes e líderes de partidos da base aliada no Congresso Nacional para apresentar as justificativas que serão passadas ao Tribunal de Contas da União (TCU) sobre as contas do governo em 2014.
Após a reunião no Palácio da Alvorada, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse que os ministros do Planejamento, Nelson Barbosa, e da Advocacia-Geral da União (AGU), Luís Inácio Adams, fizeram a apresentação das razões do governo sobre as contas. Também estavam presentes o vice-presidente Michel Temer e o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante.
- Ficou claro que há muito embasamento técnico e jurídico e estamos seguros de que o TCU vai aceitar as explicações. Não há nenhuma razão para as contas serem rejeitadas. Essas explicações serão apresentadas no dia 21 [de julho] ao TCU - afirmou Falcão.
No dia 17 de junho, em decisão inédita e unânime, o TCU adiou por 30 dias o julgamento das contas de 2014 do governo federal, a pedido do relator, ministro Augusto Nardes. O prazo dado pelo TCU é para que a presidenta e sua equipe esclareçam, por escrito ou pessoalmente, indícios apontados pelo tribunal de que teriam descumprido as leis de Responsabilidade Fiscal e Orçamentária Anual.
Falcão informou que os presidentes dos partidos aliados vão se reunir com o vice-presidente Michel Temer na quarta-feira para apresentar solidariedade ao peemedebista e à presidenta. Ele afirmou não se tratar de uma resposta aos líderes oposicionistas, que têm falado em pedido de impeachment. O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), durante convenção do partido, na segunda-feira, disse que o governo Dilma “pode ser mais breve do que alguns imaginam”.
Participação popular na reforma política
Em cerimônia de lançamento da Política Nacional de Participação Social, a presidenta Dilma Rousseff defendeu mais uma vez a necessidade de uma reforma política, bandeira que levantou após a onda de manifestações que aconteceu no país em junho do ano passado.
- Eu tenho isso arraigado nas minhas convicções. Não haverá reforma política se não tiver nesse processo participação social. Não haverá - disse a presidenta.
- O meu governo enviou para o Congresso uma proposta de transformação, que tinha como ponto base a consulta popular. Não foi aprovada. E acredito que esta é uma questão que todos nós temos de agarrar com as duas mãos, governo e sociedade, e levarmos à frente com base na consulta popular - completou.
Em meio aos protestos de meados de 2013, Dilma reuniu governadores e prefeitos de capitais em Brasília para anunciar o que chamou de cinco “pactos”: pela mobilidade urbana, pela saúde, pela educação, pela solidez fiscal e pela reforma política.
Essa última, segundo a proposta de Dilma, seria feita por meio de uma consulta popular. Embora o governo tenha encaminhado o assunto ao Congresso, a proposta não andou no Parlamento.
Desde o mês passado, Dilma tem retomado a questão da reforma política e enfatizado a necessidade de uma consulta popular para tratar do tema.