Desocupação de favela acaba em confronto entre moradores e policiais no Rio
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Sexta, 29 de Maio de 2015 às 09:41, por: CdB
A desocupação e demolição de imóveis na Favela Metrô-Mangueira, na Zona Norte da Rio, gerou confrontos generalizados entre policiais militares, moradores, comerciantes e estudantes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) que se estenderam até as primeiras horas da madrugada desta sexta-feira. Os alunos da Uerj se juntaram às famílias desalojadas contra a ação da polícia.
As primeiras construções começaram a ser derrubadas no início da tarde de quinta-feira, com a ajuda de tratores da prefeitura, com objetivo de reurbanizar o local, próximo ao Estádio Mario Filho, o Maracanã, onde ocorrerá a cerimônia de abertura das Olimpíadas no ano que vem.
As demolições revoltaram os moradores, trabalhadores e comerciantes que vivem ou atuam no local, onde existem dezenas de pequenas oficinas mecânicas e lojas de autopeças. Eles diziam que a prefeitura descumpriu acordo de primeiro construir no terreno um polo automotivo, em substituição às antigas oficinas, e só depois demolir os imóveis. Também um grande galpão de reciclagem foi posto abaixo, deixando várias pessoas desempregadas e prejudicando o trabalho de dezenas de catadores, que vendiam os materiais recolhidos nas ruas.
Estudantes da Uerj foram dar apoio aos moradores e comerciantes, ajudando a bloquear a Avenida Radial Oeste, uma das principais vias de ligação entre o Centro e a Zona Norte, o que motivou a reação da Tropa de Choque da Polícia Militar (PM), que perseguiu os alunos até o campus da universidade, que fica próximo à Favela do Metrô-Mangueira. Ao tentarem entrar no prédio, os estudantes encontraram as portas fechadas, o que gerou desespero no grupo, dando inicio a um confronto com os seguranças da universidade, que os repeliram com jatos de água.
Após a primeira onda de protestos, os moradores e trabalhadores voltaram a fechar a avenida, ateando fogo em pneus e pedaços de madeira, o que interrompeu o trânsito na via e causou a reação dos policiais militares para dispersar os manifestantes com uso de bombas de gás. Os bombeiros foram chamados e apagaram o fogo. Alguns carros foram apedrejados e um ônibus teve uma janela quebrada.