Praticamente, todos os deputados infiéis sofrerão retaliações, garantem aliados do Planalto. Há raras exceções. Mesmo assim, estes permanecerão nos cargos somente por ordem direta de Temer.
Por Redação - de Brasília
O Planalto começa a publicar, nas edições do Diário Oficial da União (D.O.U) ao longo desta semana, as exonerações de servidores indicados por deputados que votaram contra a permanência do presidente de facto, Michel Temer, no poder. Ao todo, até agora, mais de 20 nomes seguem sob o crivo do núcleo político, no Palácio do Planalto.
Na maioria dos casos, os líderes da base aliada indicarão substitutos. Mas, em alguns Estados, a infidelidade foi tão alta que não há indicações suficientes para preencher os cargos. Poucos se mantiveram ao lado do peemedebista. É o caso de Sergipe. Lá, só dois dos oito deputados votaram com Temer.
Último apelo
Praticamente, todos os infiéis sofrerão retaliações, garantem aliados do Planalto. Há raras exceções. Mesmo assim, estes permanecerão nos cargos somente por ordem direta de Temer. Os deputados da base foram informados, há algumas horas, que a lista de exonerações estava praticamente pronta. Alguns tentaram fazer um último apelo.
Em mensagens a integrantes do governo, pediram que o Planalto observasse “o histórico” de parceria e não só o desempenho no dia da votação. Waldir Maranhão (PP-PI), que anulou com uma canetada o impeachment de Dilma Rousseff no ano passado, tinha feito as pazes com Temer. Mas durou pouco. Pelo voto pró-denúncia, vai perder o indicado que nomeou para a diretoria da Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
Apesar das mudanças nos segundo e terceiro escalões, Temer sinaliza que pretende manter os ministros tucanos na equipe. Apesar da pressão em contrário, por parte de aliados.
Parlamentarismo
A manutenção dos tucanos na Esplanada dos Ministérios, segundo analistas ouvidos pela reportagem do Correio do Brasil, visa um alvo mais distante. Temer e seus parceiros pretendem mudar o sistema de governo para o parlamentarismo. Já está em plena campanha.
Nesta manhã, durante discurso para empresários, na abertura do 27º Congresso & ExpoFenabrave, ele afirmou que "seria ótimo" a adoção do sistema parlamentarista já no ano que vem.
— De alguma maneira, estamos fazendo quase um pré-exercício do parlamentarismo. Em várias oportunidades, o Legislativo era tido como um apêndice do Executivo. No meu governo, não. O Legislativo é parceiro do Executivo. Temos trabalhado juntos — declarou.
O peemedebista acredita que deveria ser adotado o modelo francês ou o modelo português, "em que o presidente da República, eleito, tem uma presença significativa no espectro governativo".
— Se pudesse ser em 2018, seria ótimo, mas quem sabe se prepara (o Parlamentarismo) para 2022 — concluiu.