O publicitário Marcos Valério de Souza, suposto operador do esquema de mesadas a parlamentares, afirmou nesta sexta-feira ter feito vários empréstimos ao PT em nome de suas empresas. O dinheiro, segundo ele, era sacado dos bancos por pessoas indicadas pelo ex-tesoureiro da legenda Delúbio Soares.
- Foi um pedido, o PT estava com muitas dificuldades financeiras... Os saques eram a pedido do tesoureiro, sempre indicando quem deveria sacar - disse Valério em entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo.
A orientação para contrair os empréstimos junto aos bancos também vinha de Delúbio, segundo Valério.
- O montante total do empréstimo foi repassado ao PT, na figura do tesoureiro, de pessoas que ele indicava.
Ele não forneceu os valores dos empréstimos e disse que as operações não se relacionavam ao suposto esquema do "mensalão".
- Nunca foi relacionado a nenhum 'mensalão'... eram dívidas que vinham do passado e preparação a campanha eleitoral de 2004 - acrescentou o empresário, que é sócio das agências SMP&B e DNA, sediadas em Minas Gerais.
Até agora, o PT reconhece que Valério foi avalista em dois empréstimos em nome do partido, de 2,4 milhões junto ao banco BMG e de 3 milhões junto ao Banco Rural, ambos contraídos em 2003. Valério chegou a pagar 351 mil reais de uma parcela ao BMG que ainda não foi saldada pela legenda. Na renovação dos dois créditos, segundo o PT, o publicitário deixou de ser fiador.
- Eu esperei um tempo para me pronunciar porque as pessoas que me pediram (para fazer os empréstimos) é que tinham que se pronunciar - disse, explicando que, com a crise gerada pelas denúncias, seus interlocutores deixaram o partido e, assim, ele decidiu falar.
O empresário também divulgou nota sobre os empréstimos, com menos detalhes do que forneceu na entrevista.
Marcos Valério prestou depoimento na quinta-feira ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, e Delúbio Soares fez o mesmo nesta sexta-feira. Os dois compareceram à Procuradoria forma espontânea. No início da semana, Valério e Delúbio teriam tido um encontro em Belo Horizonte.
O presidente da CPI dos Correios, Delcidio Amaral (PT-MS). Delúbio, esteve com o procurador nesta tarde e recebeu relatos dos depoimentos, mas não teve acesso às integras.
- Não foram apresentados e nem citados nomes nem partidos políticos no depoimento de Marcos Valério - disse Delcidio a jornalistas. Ele vai que a procuradoria envie cópias dos depoimentos à CPI.
O procurador-geral da República não aceitou o pedido de Valério de colaborar com as investigações desde que tivesse privilégios, como a redução de pena que a lei oferece a quem colabora com a Justiça.