Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Decisão do Copom custará R$ 100 milhões por mês, diz especialista

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Quarta, 18 de Maio de 2005 às 22:46, por: CdB

A ata emitida nesta quarta-feira pelos nove membros do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, pode custar R$ 100 milhões por mês aos cofres públicos. Isso porque o 0,25 ponto percentual de alta definido hoje representa um acréscimo de R$ 100 milhões por mês na dívida pública do Tesouro Nacional. Se a taxa se mantiver nos 19,75% definidos hoje, o custo será de R$ 1,3 bilhão ao longo dos próximos 12 meses.

A informação é do economista Reinaldo Gonçalves, com base em dados divulgados pelo Banco Central e Tesouro Nacional. O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro é autor do livro "Brasil Endividado", lançado em 2000, e estuda o tema há anos. Gonçalves comentou hoje com a Agência Brasil a nova alta da taxa Selic - nome dado à taxa básica de juros, que é definida pelo Copom e serve de referência às outras taxas aplicadas no país.

"Mais da metade da dívida pública interna está vinculada à Selic", afirma. Divulgado nesta manhã, o boletim do Tesouro Nacional mostra que 59,2% dos títulos da dívida interna brasileira estão indexados à Selic. "Cada aumento do Copom, tem impacto imediato nesse montante, que é de R$ 517 bilhões", explica o economista.

Além do efeito direto nos cofres públicos provocado pelo aumento da taxa, Gonçalves aponta "um efeito em cadeia". "A Selic é base de referência para outras taxas de juros que também influenciam a dívida brasileira", argumenta.

O professor Gonçalves vê com alarme o resultado dessa política de alta da taxa Selic nos últimos nove meses. Como resultado, segundo ele, está havendo uma piora constante da relação entre dívida pública e Produto Interno Bruto (PIB). Considerado um dos principais indicadores de dívida, a relação dívida/PIB melhorou, mas continua ruim. A relação vem subindo nos últimos anos, até o recorde de 57,2% do PIB, em 2003.

Ano passado, houve uma queda para 51,8% do PIB. Mas, para Reinaldo Gonçalves, essa melhora do índice foi resultado da queda do dólar. "Tanto que, em reais, a dívida líquida vem crescendo muito", afirma. "A dívida interna em relação ao PIB subiu de 41,2% em 2002 para 44,3% em 2004". "Isso é resultado de uma conjuntura excepcionalmente favorável, não é mérito do governo", avalia Gonçalves (ver tabela abaixo, elaborada pelo economista).

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