A decisão de o governo brasileiro expulsar do país o correspondente do New York Times, Larry Rohter, foi notícia nesta quinta-feira nos principais jornais britânicos. O The Guardian publica que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou "numa tempestade política" após decidir cassar o visto do jornalista. Segundo o diário, políticos de oposição e do governo inicialmente apoiaram a condenção do artigo, considerando-no sem fundamento e difamatório. Mas a decisão de expulsar o jornalista também foi taxada de desproporcional.
"As críticas foram amplificadas por comentaristas políticos e jurídicos, vários dos quais afirmando que a expulsão lembrava a ditadura que Lula gastou anos de sua liderença sindical lutando contra", disse o Guardian.
O Times afirma que Lula, "um ex-lider sindical e metalúrgico que subiu ao poder com uma agenda populista há 16 meses, é conhecido por gostar de cachaça, um potente rum de cana-de-açúcar". O jornal observa, no entanto, que o presidente não gostou de nenhum dos comentários de Rohter.
Segundo o Times, a popularidade de Lula sofreu danos nos últimos tempos, parcialmente por causa do fracasso do governo de cumprir suas promessas para enfrentar o desemprego e a pobreza. "Ele tem encontrado maneiras de evitar um prevista moratória da dívida e manter uma economia relativamente saudável", disse o jornal. "Mas suas propostas de lidar com a vasta distância entre os pobres e os ricos têm sido lenta na mostra de resultados."
O jornal Daily Telegraph afirma que a decisão do governo brasileiro gerou uma imediata reação da imprensa do País. "Alguns afirmaram que ficaram chocados ao ver autoridades, muitas das quais foram presas ou exiladas por se oporem às ditaduras militares que governaram o Brasil entre 1964 e 1985, recorrendo às táticas autoritárias que tinham sido usadas naquela época", disse o Telegraph.
O jornal The Independent também publica uma pequena nota sobre o caso, afirmando que o correspondente do NYT está sendo expulso do Brasil por ter afirmado que Lula "tem um problema com a bebida".