Enquanto a candidata do PSol à Presidência da República, Heloisa Helena, mostra um vigor invejável aos concorrentes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, apresentaram uma oscilação negativa na corrida presidencial, segundo pesquisa do Instituto Datafolha divulgada nesta terça-feira. Mas, diferentemente do último levantamento, já não é mais possível afirmar que a eleição será vencida por Lula no primeiro turno. Lula obteve 46% das intenções de voto, ante 44% na pesquisa feita no final de junho. Alckmin ficou com 28%, um ponto a menos que na sondagem anterior. As duas variações estão dentro da margem de erro da pesquisa, de 2 pontos percentuais, segundo dados divulgados pela TV Globo.
A senadora Heloisa Helena (PSOL) subiu de 6% para 10% das intenções de voto. Cristovam Buarque (PDT), José Maria Eymael (PSDC) e Rui Costa Pimenta (PCO) ficaram com 1% cada. Considerando apenas os votos válidos - que excluem brancos, nulos e indecisos, que somaram 15% do total da pesquisa - Lula teria 52%. Para vencer no primeiro turno, um candidato precisa ter mais de 50% dos votos válidos. Como a diferença favorável a Lula fica dentro da margem de erro, sua vitória no primeiro turno é incerta.
Em um eventual segundo turno, a vantagem do petista ficou praticamente estável. No mês passado, Lula vencia por 51% a 40%. Agora, o placar seria de 50% a 40%. Foram ouvidos 6.264 eleitores entre segunda e terça-feira, em 272 municípios. Os números da pesquisa do Vox Populi, divulgada na semana passada, já mostravam a possibilidade de realização do segundo turno.
Problemas do Geraldo
A corrida de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência da República enfrenta um novo desentendimento entre membros de sua coordenação de campanha. O PFL do Rio de Janeiro já mostrou sinais de inquietação com a tentativa de aproximação de tucanos com o grupo do ex-governador Anthony Garotinho (PMDB) e pode afastar-se do candidato caso a aliança informal seja realmente sacramentada.
Prefeito do Rio, César Maia, adversário político da família Garotinho, que governa o Estado, deixou claro seu descontentamento com a aproximação e alertou para as consequências do que chamou de "beijo da morte". Garotinho, com uma base eleitoral cobiçada por qualquer candidato, ainda não declarou apoio nesta eleição. Nesta terça-feira, Alckmin não confirmou aliança com Garotinho, mas demonstrou interesse pelos votos do peemedebista.
A cúpula da campanha de Alckmin está de olho nos votos do Rio, Bahia e Minas Gerais, três dos cinco maiores colégios eleitorais do país e locais onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lidera as pesquisas de opinião. Apenas nesta semana, Alckmin reservou espaço em sua agenda para fazer duas visitas ao Rio e duas a Minas.
A estratégia é centrar fogo nos Estados onde o candidato tucano conta com considerável margem de crescimento para compensar o fraco desempenho na região Nordeste, reduto eleitoral de Lula. O conselho político da campanha alckmista se reúne nesta quarta-feira em Brasília, após a inauguração do comitê oficial. Além dos conselheiros regulares, o encontro contará com a presença de César Maia, que trará sua lista de reclamações aos aliados, e do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), convidado pelo PSDB para fazer análise do desempenho de Alckmin.
O convite a ACM, desafeto do presidente do partido, Jorge Bornhausen (PFL-SC), gerou constrangimento interno na semana passada, mas sua presença nas reuniões semanais do conselho teve de ser "engolida," nas palavras de um colega de partido, para evitar mais briga "dentro de casa".