Jornal oficial cubano divulga manobras para enfrentar "ações do inimigo", horas depois da eleição do magnata. Primeiros exercícios do tipo foram realizados após vitória do republicano Donald Reagan, em 1980
Por Redação, com agências internacionais - de Havanas/Pequim:
Pouco depois da eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA, o governo cubano anunciou nesta quarta-feira a realização de exercícios militares em todo o país para se preparar para potenciais "ações do inimigo".
As autoridades cubanas não estabeleceram imediatamente uma conexão dos exercícios com a vitória do republicano, que ameaçou reverter a política de reaproximação com Cuba iniciada por Barack Obama.
– O próximo presidente pode mudar essa política e isso é o que vou fazer a não ser que o regime de (Raúl) Castro esteja à altura das nossas demandas – assegurou Trump em setembro.
Os exercícios, chamados de Bastião 2016, serão realizados entre 16 e 18 de novembro. Vão incluir "movimentos de tropas e de material de guerra, voos e explosões. Nos casos em que seja necessário", anunciou o jornal oficial Granma, do Partido Comunista.
O objetivo é "treinar órgãos de direção das diferentes estruturas encarregadas da defesa nacional )(...) e a preparação das tropas e da população para enfrentar as diferentes ações do inimigo".
O primeiro Bastião foi realizado em 1980, após a vitória do republicano Ronald Reagan nas eleições presidenciais. Desde então, foram realizados sete exercícios militares com essas características.
Havana se manteve neutra em relação à esta eleição nos EUA, sem manifestar preferência por Trump ou pela rival democrata, Hillary Clinton.
China
A surpreendente vitória de Donald Trump coloca pressão sobre questões estratégias e econômicas nos laços entre Estados Unidos e China, e provavelmente surpreendeu e preocupou líderes chineses, que prezam pela estabilidade nas relações entre as duas potências.
Trump criticou a China durante a campanha, e rendeu manchetes por suas promessas de impor tarifas de 45 % sobre produtos chineses importados e por chamar o país de manipulador do câmbio.
O republicano também questionou os compromissos de segurança dos EUA. Com aliados e minimizou normas de longa data da política externa norte-americana. Mantidas pelos depois partidos, como ao sugerir que o Japão desenvolva armas nucleares. Declaração que, se ele levar em frente, pode provocar alterações no equilíbrio de segurança regional na Ásia.
O resultado imprevisível não é o ideal para o Partido Comunista da China. Obcecado pela estabilidade, especialmente no momento em que o regime chinês busca amenizar as relações com os EUA. Mediante as reformas desafiadores em casa, uma economia em desaceleração e uma troca de liderança que colocará uma nova elite do partido no entorno do presidente Xi Jinping no fim de 2017.
Pequim tende a preferir os sucessores de partidos com linhas política consistentes. A falta de experiência governamental de Trump. Sua abordagem não ortodoxa ante prioridades de longa data do Partido Republicano. Podem representar uma dor de cabeça para autoridades chinesas.
Jia Qingguo, reitor da Escola de Relações Internacionais da conceituada Universidade Peking e conselheiro do governo, chamou Trump de "símbolo da incerteza".
– A China espera que a futura política dos Estados Unidos seja mais clara, porque assim podemos nos preparar e lidar com ela – disse Jia.
Empresário pragmático
Certamente, uma Casa Branca comandada por Trump apresenta à China uma variação de novas oportunidades.
Décadas de críticas de Hillary Clinton ao histórico de direitos humanos da China. Sua insistência sobre o interesse norte-americano no Mar do Sul da China. Tornaram a democrata uma conhecida, mas não apreciada, figura entre a elite governista de Pequim.
Especialistas chineses dizem que algumas pessoas em Pequim acreditam que Trump irá provar ser um empresário pragmático, disposto a negociar com a China.
– Qualquer tipo de política protecionista será uma faca de dois gumes – disse Ruan Zongze, ex-diplomata chinês. Agora membro do Instituto da China de Estudos Internacionais. Associado ao Ministério das Relações Exteriores. "Acho que ele será muito cauteloso sobre isto."
O presidente chinês cumprimentou Trump pela vitória nesta quarta-feira. De acordo com a TV estatal chinesa. Ele disse ao presidente eleito dos EUA que as duas maiores economias do mundo têm a responsabilidade de promover o desenvolvimento e a prosperidade global.
– Eu ponho grande importância no relacionamento China-EUA. Espero trabalhar com você para manter os princípios de não conflito. Não confrontação, respeito mútuo e cooperação ganha-ganha – disse Xi a Trump em mensagem. Acrescentando que o desenvolvimento estável e saudável em longo prazo das relações entre EUA e China está nos interesses fundamentais dos povos de ambos os países, acrescentou.