Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Crescimento dos bancos foi sólido em 2004

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Segunda, 28 de Fevereiro de 2005 às 09:11, por: CdB

O Brasil consolida-se, no panorama internacional, como um paraíso para as instituições bancárias. Durante a divulgação dos balanços financeiros de alguns dos principais bancos que atuam no Brasil, já é possível perceber que 2004 foi mais um ano de crescimento consolidado de lucros. Segundo levantamento da consultoria Austin Rating, feito com uma amostra de 27 bancos que já publicaram seus balanços no início de 2005, o lucro líquido do setor aumentou 22,4% em relação a 2003, somando R$ 13,74 bilhões.

Apenas seis entre os 27 bancos não obtiveram crescimento. O Itaú, na última terça-feira, revelou ter conseguido em 2004 o maior lucro líquido da história dos bancos de capital aberto, R$ 3,776 bilhões. O Bradesco atingiu R$ 3,06 bilhões, seguido pelo Banco do Brasil, com R$ 3,024 bilhões, e o Unibanco teve saldo positivo de R$ 1,2 bilhão. Outros bancos ainda devem divulgar seus resultados.

Analistas e as próprias instituições apontam três fatores como sendo as principais razões para repetir em 2004 o aumento de ganhos: os ganhos com juros pela concessão de créditos, o valor cobrado pelos serviços e os títulos públicos do governo brasileiro, que pagam aos investidores juros que estão entre os mais altos do mundo, atualmente em 18,75% ao ano. O secretário de acompanhamento econômico do Ministério da Fazenda, Elcio Tokeshi, reconhece que "apesar de as outras empresas de outros setores também apresentarem resultados muito bons, realmente (os lucros do setor bancário) estão num nível bastante alto. Historicamente são altos". Mesmo no ano de 2003, de acordo com pesquisa da Economática, os lucros líquidos dos maiores bancos já superavam grandes empresas como a Ambev (R$ 1,4 bilhão), Klabin (R$ 1,01 bilhão), Siderúrgica de Tubarão (R$ 910 milhões), Embraer (R$ 588 milhões) e Sadia (R$ 447 milhões), entre muitas outras.

O gerente executivo de relações com o investidor do Banco do Brasil (BB), Marco Geovanne Tobias, explica o caso do banco onde trabalha. "O resultado é histórico, em termos nominais e em termos de rentabilidade". Segundo ele, a maior parte dos ganhos deve-se ao crédito, que gerou 65% das receitas da instituição, principalmente o crediário e o microcrédito. Assim como outros bancos, o BB fez um esforço para ampliar seu número de correntistas - somente com o Banco Popular gerou um milhão de novos clientes -, aumentando também a arrecadação com tarifas.

O vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel de Oliveira, aponta que, até o primeiro semestre de 2004, as receitas dos dez maiores bancos estavam divididas em crédito (44%), investimentos em títulos do governo (34%), cobrança de tarifas (14%) e outras fontes de renda diversas (8%). Oliveira diz, no entanto, que, quando o governo começa a subir os juros básicos de seus títulos - como ocorre desde setembro de 2004 - , os bancos deixam de emprestar dinheiro e passam a comprar mais títulos públicos, que têm menor risco de inadimplência.

Outro dado que o vice-presidente da Anefac fornece é que só os ganhos com tarifas "já pagariam todas as despesas com pessoal de alguns bancos. Hoje a receita de tarifas representa 105% desses gastos - paga tudo, e ainda sobra". A maior parte dessas taxas sobre serviços que existem hoje começaram a ser cobradas apenas em 1996, quando o governo adotou várias medidas para salvar o setor, que estava em crise. "Hoje já temos cerca de 40 tarifas que antes não eram cobradas", completa.

Não se pode, entretanto, acusar o setor bancário apenas porque seus lucros são altos, diz o secretário do Ministério da Fazenda Elcio Tokeshi. "Não estão fazendo nada de ilegal. Estão aproveitando uma propriedade que o mercado brasileiro apresenta para eles. Estando a taxa de juros num patamar alto, isso também facilita esses lucros. Além disso, existe a questão das tarifas: estão deslocando seus lucros para tarifas também. O Brasil historicamente teve tarifas bancárias baixas, mas, nu

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