Nesse caso, entretanto, o IBGE destacou que o número foi inchado porque a Páscoa ocorreu em abril neste ano, enquanto em 2013 foi em março. Os número mensal foi ligeiramente pior do que a expectativa em pesquisa da Reuters, cuja mediana apontava queda de 0,20%, mas o dado anual ficou acima da projeção de avanço de 6,20%.
– A inflação impacta mais supermercados, o crédito está mais restrito.. e a renda disponível está menor com despesas e inadimplência – afirmou à agência inglesa de notícias Reuters o economista do IBGE Nilo Lopes, acrescentando que o consumidor também está mais cauteloso sobre o futuro.
A fraqueza foi generalizada entre as atividades, com seis das oito pesquisadas no varejo restrito registrando retração na comparação mensal em volume de vendas. Entre os destaques, ficou o recuo de 1,4% nas vendas em Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo. Também mostraram queda mensal Livros, jornais, revistas e papelaria (2,7%) e para Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (2,6%).
O IBGE informou ainda que apenas a atividade Outros artigos de uso pessoal e doméstico mostrou leve expansão no período, de 0,3%, enquanto Artigos farmacêuticos ficou estagnado.
– Quando os alimentos sobem de preços, as pessoas gastam menos ou substituem marcas, o que resulta em despesas menores – afirmou Lopes.
A inflação em 12 meses tem ficado acima de 6%, próximo ao teto da meta do governo, de 4,5% pelo IPCA, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos. O IBGE informou ainda que a receita nominal do varejo subiu 0,60%% em abril sobre março e avançou 13,50% na comparação anual.
Mercado de automóveis
Já o volume de vendas no varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, teve alta de 0,6% em abril na base mensal, influenciado pelo avanço de 5,4% em Veículos e motos, partes e peças.
– O crédito está mais restrito este ano, mas há sinais da retomada de crédito para o segmento de veículos, o que pode explicar o crescimento das vendas – acrescentou Lopes.
As vendas varejistas no país mostraram perda de força ao longo dos três primeiros meses do ano, em um cenário de inflação persistentemente alta e aumento de juros após ciclo de aperto monetário promovido pelo Banco Central, que elevou a Selic para os atuais 11%. Isso encarece o crédito e afeta a confiança do consumidor, que recuou em abril e maio e atingiu o menor nível desde abril de 2009.
– O cenário para as vendas no segundo trimestre de 2014 continua fraco dada moderação no fluxo de crédito e significativa deterioração observada na confiança do consumidor em abril e maio – avaliou o diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos.
No primeiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu apenas 0,2% sobre últimos três meses do ano passado. E as expectativas são de expansão de menos de 1,5% em 2014 fechado, abaixo dos 2,5% vistos no ano passado.