O ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira disse à Polícia Federal nesta sexta-feira que negociava apenas cargos do partido no governo e negou ter qualquer conhecimento sobre o suposto "mensalão".
- Não sei, nunca fiz, não sei dizer sobre isso - disse a jornalistas Silvinho, como é conhecido no PT, depois de depor ao delegado Luiz Flávio Zampronha na Polícia Federal em São Paulo por cerca de três horas.
Zampronha é o delegado encarregado em Brasília de investigar as relações da cúpula petista com o publicitário Marcos Valério de Souza e outras empresas. Valério foi um dos avalistas de dois empréstimos obtidos pelo PT. O publicitário é acusado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de ser um dos operadores de um suposto esquema de pagamentos de parlamentares do PP e do PL pelo PT. O deputado acusa também Delúbio Soares, que deixou a tesouraria petista nesta semana, além do presidente do partido, José Genoino.
Acusado por Jefferson de negociar cargos no governo para os partidos aliados, Silvinho disse que indicava apenas os nomes do próprio PT. "Eu expliquei exatamente o que eu fazia. Em nome do PT eu indicava nomes do partido para o governo, como qualquer partido da base aliada", disse Silvinho.
- Basicamente, tudo o que eu disse ao delegado é de conhecimento público e já foi dito.
Silvinho disse ainda que respondeu todas as perguntas feitas. O petista negou que tenha sofrido pressão do governo ou de companheiros do partido para deixar a secretaria geral na última segunda-feira. Segundo ele, foi uma decisão pessoal.
Ele fez questão de dizer que não se sentiu abandonado pelo partido e que os custos com o advogado Arnaldo Malheiros Filho estão sendo pagos pelo próprio PT.
Para Silvinho, a atual crise política decorrente das denúncias de Jefferson "é um momento difícil que o PT, a democracia e o Congresso atravessam". Quem errou, disse, "tem que ser punido". Delúbio está prestando depoimento na PF em São Paulo nesta sexta-feira.