A dias da abertura das discussões com os Estados Unidos, a Coréia do Norte anunciou nesta sexta-feira que estava reprocessando combustível nuclear, um passo que, se for verdade, sugere o desenvolvimento de armas atômicas. "Como já declaramos, estamos reprocessando, com sucesso, mais de oito mil farras de combustível em fase final", disse um porta-voz não identificado do Ministério de Relações Exteriores em Pyongyang. A declaração acrescentava que uma "defesa poderosa" era necessária para proteger o país tendo em visa a guerra americana no Iraque, e dizia que informações foram enviadas aos EUA e a "outros países preocupados" no mês passado. Nesta semana, especialistas ocidentais com acesso a informações de inteligência do programa nuclear da Coréia do Norte reafirmaram que não havia indicação de que o combustível nuclear estivesse sendo realmente reprocessado, o que segue a linha adotada por oficiais de inteligência dos EUA desde o começo de uma crise sobre desenvolvimento de armas no fim do ano passado no país comunista. Na noite desta sexta-feira, oficiais de EUA, Coréia do Sul e Japão disseram que também não possuíam indicações fortes de reprocessamento dos bastões de plutônio do país, que estavam estocados sob supervisão internacional no complexo norte-coreano de Yongbyon, até que os inspetores foram expulsos em janeiro. "Não temos informações que indiquem que a Coréia do Norte começou a reprocessar", disse um oficial que pediu para não ser identificado à agência de notícias Reuters. Perguntado se os EUA participariam das conversas em Pequim, ele disse: "Não vejo nada que indique de outra forma". Chun Young Woo, um diretor para controle de armas do Ministério de Relações Exteriores da Coréia do Sul, falou com a agência de notícias: "A Coréia do Norte já disse várias vezes que começaria o reprocessamento, mas nunca ouvi que eles tivessem realmente começado". A declaração de hoje foi vista por muitos analistas norte-coreanos como uma amostra clássica do estilo confuso e inconseqüente de negociação do país. Durante meses a Coréia do Norte tem pedido conversas próximas com os EUA a fim de conseguir garantias de segurança em troca da verifcação do desarmamento. O governo Bush ignorou esses pedidos, dizendo que aceitaria apenas conversas multilaterais que incluíssem vizinhos da Coréia do Norte e que só conversaria quando os norte-coreanos desmantelassem e suspendessem seu programa de armas nucleares. No começo desta semana os dois países concordaram em se encontrar na próxima semana em Pequim, para um debate tripartite, um acordo que parecia agradar a todos os lados. A princípio, a declaração da Coréia do Norte parece mostrar que manter as conversações seria algo sem sentido.
Coréia do Norte diz que reprocessa plutônio
Arquivado em:
Sábado, 19 de Abril de 2003 às 07:54, por: CdB