Observadores não estão tão certos, porém, se o texto é forte o suficiente para sinalizar aos investidores que abandonem os combustíveis fósseis
Por Redação, com DW - de Paris: O ministro francês do Exterior e presidente da COP21, Laurent Fabius informou que a Conferência do Clima (COP21) será prorrogada em um dia,depois de uma noite de negociações, que se estenderam até o amanhecer desta sexta-feira, o texto que seria apresentado no noite desta sexta ficou para este sábado. Os negociadores dos 196 países que participam da Conferência do Clima (COP21) mergulharam numa longa rodada de negociações depois de terem recebido na noite de ontem o que deve ser a última versão do rascunho do acordo climático global. O documento foi divulgado na noite de quinta-feira por Fabius e disponibilizado ao público. Elogiado pela maneira como tem conduzindo as negociações, de forma "inclusiva, responsiva e transparente", o time de Fabius propôs um novo texto após ter passado a madrugada anterior ouvindo a avaliação dos outros países. A reação geral de pesquisadores e ONGs que acompanham a COP21 foi positiva. "Houve um progresso significativo, o texto está mais balanceado", comentou Jennifer Morgan, diretora do Instituto de Recursos Naturais (WRI, na sigla em inglês). – Mas com os anos aprendemos que nada está decidido até que tudo esteja decidido – ressaltou, lembrando que os ministros ainda debatem o acordo final, que deve ser anunciado no sábado. Observadores não estão tão certos, porém, se o texto é forte o suficiente para sinalizar aos investidores que abandonem os combustíveis fósseis. O termo específico "descarbonização", que constava do primeiro rascunho, e havia sido endossado pelos líderes do G7 em junho, foi retirado. No lugar dele, o novo rascunho fala se refere à meta de se atingir "a neutralidade de emissão de gases do efeito estufa na segunda metade do século". – Este não é o sinal que precisamos para aumentar a pressão nos investidores para abandoner o petróleo, o carvão e o gás – diz Jan Kowalzig, da organização humanitária Oxfam. Temperatura e antigo racha O acordo é baseado na Contribuição Nacionalmente Determinada Pretendida (INDC, na sigla em inglês) que os 186 países responsáveis por mais de 90% das emissões mundiais apresentaram antes da COP21. Nesse documento, cada nação se compromete a atingir uma meta de corte das emissões nacionais, que deve ser cumprida até 2030. Da maneira como estão, as reduções planejadas não são suficientes para limitar o aumento da temperatura em 1,5˚ C até 2100, faixa considerada segura para minimizar os impactos das mudanças climáticas. O documento cita como meta de temperatura o termo "bem abaixo de 2˚C", deixando um espaço pra manobra. – É um problema muito grande que a meta de corte de emissões sobre a mesa não vai conter o aquecimento abaixo de 1,5˚C. e o rascunho não faz nada para mudar isso – lamentou o Greenpeace. Por outro lado, países ricos e emergentes parecem estar chegando a um consenso. O rascunho diz que as nações desenvolvidas precisam assumir a liderança nos esforços para cortar as emissões e mobilizar recursos para os mais vulneráveis, era o que os emergentes esperavam. Mas ainda há pontos importantes abertos na questão em torno de quem vai pagar a conta. – Estamos caminhando para um mundo em que todos os países terão que pôr dinheiro de alguma forma em ações de combate e adaptação às mudanças climáticas – avalia positivamente Monica Arayla, diretora da fundação Nivela, baseada na Costa Rica. O esboço manteve a cifra de 100 bilhões de dólares por ano para alimentar, a partir de 2020, um fundo que financiará as medidas de mitigação e adaptação em países mais pobres. Na visão das nações emergentes e menos desenvolvidas, no entanto, esse valor é muito inferior ao montante que precisa de fato ser investido. Antes da divulgação da versão atualizada do rascunho, o negociador-chefe do Brasil, José Antônio Carvalho, foi enfático: "Nós queremos um acordo robusto, balanceado, justo e legalmente vinculante (com força de lei)." A delegação brasileira passou todo o dia em consultas bilaterais com vários países, como Alemanha e China.COP21: conferência do clima vai para a prorrogação
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Sexta, 11 de Dezembro de 2015 às 08:12, por: CdB