A Varig contratou a consultoria Delta, de São Paulo, para comandar seu plano de reestruturação. O anúncio formal ao mercado deve ser feito entre até quarta-feira, garante um executivo da companhia que pediu anonimato. A empresa também define nesse prazo o banco responsável da operação. Estão no páreo o Itaú e o Unibanco - este último o mais provável, conta a fonte.
A Trevisan, que já realizou uma auditoria dos números da Varig, pode eventualmente participar do redesenho da companhia, diz o executivo.
- O banco vai buscar investidores, verificar os números e vai trabalhar numa relação estreita com a consultoria - acrescenta. A Delta vai definir planos como a renovação da frota da e a readequação da malha de vôos. Também analisará a viabilidade da operação.
Segundo a fonte, definida a consultoria e o banco, o projeto de reestruturação da companhia deve ser concluído em 60 dias. Nesse tempo, o banco contratado pela Varig também conversará com credores para definir como será realizada a transformação de débitos em participação acionária.
A Varig, diz o executivo, precisa de aporte entre US$ 350 milhões e US$ 500 milhões nos próximos três anos para investir na aquisição de aviões e em tecnologia, por exemplo. Esses recursos serão injetados no caixa da empresa com a ajuda de novos investidores.
Pelo menos dois investidores já demonstraram firme interesse em aplicar na Varig. Um é o grupo hoteleiro português Pestana, por meio da sua controlada Euro Atlantic, companhia aérea de vôos fretados, que só pode ter até 20% das ações da Varig, limite de participação de estrangeiros em empresas aéreas brasileiras. O nome do outro potencial investidor não foi revelado, mas a fonte diz tratar-se de um grupo nacional que não é do setor de transporte aéreo.
O executivo da Varig ressalta que o aporte de capital poderá ser feito com uma combinação de investidores.
- O esquema está montado, mas não está fechado - diz. A princípio, o projeto de reestruturação da Varig não inclui desembolso do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A fonte admite que a Varig até propôs a participação da instituição, mas o BNDES "ainda não definiu essa possibilidade".
A pedido do governo, o BNDES entregou ao governo em meados de junho um plano que previa injeção de US$ 75 milhões do banco e outros US$ 75 milhões de novos investidores. Segundo o executivo da Varig, essa sugestão não vingou porque "previa uma blindagem em relação aos passivos trabalhistas". A fonte também informa que, se a reestruturação da Varig for muito profunda poderá haver alguns ajustes na folha de pagamento, integrada por 12 mil funcionários, "mas nada significante".
Consultoria deve comandar reestruturação da Varig
Arquivado em:
Segunda, 10 de Janeiro de 2005 às 16:43, por: CdB