Dados iniciais indicam que os candidatos conservadores deverão ocupar a maioria das vagas para o Parlamento do Irã.
Segundo o Ministério do Interior do país, os conservadores levaram "a maioria" das 120 cadeiras já determinadas, de um total de 289. A vitória dos conservadores era esperada já que vários candidatos reformistas tiveram suas candidaturas rejeitadas pelo Conselho de Guardiães do país.
Os reformistas então pediram um boicote das eleições. Por isso, a taxa de abstenção está sendo considerada por analistas como um melhor termômetro dos ânimos da população do que a votação em si.
Os conservadores estão comemorando projeções iniciais que falam em 43% a 48% de taxa de comparecimento, bem acima do que previam os reformistas, em torno de 30%, mas abaixo dos 67% de quatro anos atrás, quando os reformistas venceram as eleições.
Um dirigente do principal partido reformista do Irã, Mostafa Tadjzadeh, reconheceu a derrota nas eleiões parlamentares à agência de notícias France Presse, mas acusou o pleito de ter sido "injusto".
Tadjzadeh disse que os conservadores só têm, na verdade, o apoio de 15% da população.
Eleições prolongadas
As eleições de sexta-feira no Irã acabaram sendo prolongadas quatro vezes por um total de quatro horas, em meio a preocupações quanto ao número de eleitores participantes.
Ao votar, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, pediu que os eleitores comparecessem às urnas e acusou os "inimigos do país" de incentivar o boicote às eleições gerais do país.
Os reformistas, que venceram o último pleito em 2000, afirmam que a vitória de seus opositores é inevitável após cerca de 2,3 mil candidatos reformistas terem sido barrados da disputa.
O Conselho dos Guardiães, órgão dominado pelos conservadores que se opõem a reformas na república islâmica, foi o responsável pela proibição das candidaturas.
O maior dos partidos reformistas, a Frente de Participação, não participou da eleição após muitos de seus principais políticos terem suas candidaturas impugnadas.
Mas outras facções políticas mais próximas ao centro do espectro político entraram na disputa.
Boicote
Na véspera da eleição, alguns dos mais conhecidos intelectuais e jornalistas do Irã fizeram uma convocação pública pedindo um boicote à votação para não legitimar o controle dos conservadores sobre o país.
Na quinta-feira, as autoridades iranianas fecharam dois importantes jornais reformistas depois de eles terem desafiado uma ordem para não publicar uma carta com críticas enviada ao aiatolá Khamenei.
Apesar dos chamados por boicote por parte de reformistas, o presidente Mohammad Khatami, líder do movimento, convocou os iranianos a votar, afirmando que a abstenção apenas beneficiaria os conservadores.
Observadores no país afirmam que muitos dos simpatizantes de Khatami estão desiludidos com o presidente pelo fato de ele não ter se pronunciado abertamente contra a forma pela qual as eleições estão ocorrendo.