Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Concentração da mídia no país é criticada em debate

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Quarta, 26 de Abril de 2006 às 20:09, por: CdB

A relação entre mídia e democracia foi discutida nesta quarta-feira, durante um seminário promovido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). No encontro, que acontece até sexta-feira, serão debatidas questões que envolvem o papel da imprensa. Durante a palestra inicial, o ex-ministro José Dirceu, cassado sob a acusação de participar do esquema de compra de votos de parlamentares, criticou a atuação da imprensa brasileira em assuntos que se referem ao governo. Segundo ele, só no período da ditadura, houve casos semelhantes.

- Eu acredito que só no período do Doi-Codi (Centro de Operações de Defesa Interna) a imprensa brasileira desceu tanto como está descendo hoje nesse momento na vida política do país. Porque a imprensa brasileira apoiou a repressão, a tortura, o assassinato e encobriu as ações dos órgãos brasileiros de repressão - afirmou Dirceu.

Além do ex-ministro, também participou do seminário o ex-secretário de imprensa da Presidência da República, Ricardo Kotscho. Para ele, a população vem desenvolvendo sua própria opinião e já não é tão suscetível às ações da mídia no Brasil. "A imprensa já não é capaz de eleger ou derrubar governantes", afirmou. Kotscho também criticou a permanência das mesmas pessoas como alvo da imprensa.

- Talvez fosse o caso de se cortar os telefones e a internet das redações. Repórter precisa ir para a rua para descobrir e contar a história de brasileiros que não estão na mídia - defendeu.

Outro palestrante, o jornalista Para Paulo Henrique Amorim, criticou a pequena concorrência existente na TV brasileira, setor em que a Rede Globo exerce hegemonia. Segundo ele, os números da publicidade demonstram isso.

- A Rede Globo absorve 60% de toda a indústria publicitária. A cada real investido em publicidade no Brasil, 42 centavos vão para a Rede Globo - disse.

O ex-ministro criticou, ainda, a postura da sociedade e da mídia ao rebater a criação do Conselho Federal de Jornalismo. Segundo ele, a tentativa de formar o órgão foi vista como autoritarismo do governo.

- Conselhos como esse existem em vários países, mas aqui virou uma campanha sem precedentes contra o governo. Como um governo pode ser autoritário se ele não tem maioria na Câmara nem no Senado, é investigado por CPIs, pelo Tribunal de Contas, pelo Ministério Público. Nenhum governo nunca foi tão devassado - disse ele.

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