Comissário da polícia é interrogado sobre morte de Jean Charles

O comissário da Polícia de Londres, Ian Blair, será interrogado sobre o caso do brasileiro Jean Charles de Menezes, que foi morto em 2005 por agentes que o confundiram com um terrorista suicida, informaram, nesta quarta-feira, as forças de segurança.

Um porta-voz da Scotland Yard disse, nesta terça, que Blair será interrogado por membros da Comissão Independente de Queixas contra a Polícia (IPCC, sigla em inglês) sobre seus comentários feitos horas depois da morte de Jean Charles, em 22 de julho de 2005.

A família de Jean Charles acha que Blair enganou a população, já que o comissário disse que o incidente estava diretamente vinculado com as investigações sobre a ameaça terrorista em Londres.

Mas, um dia depois da tragédia na estação de metrô de Stockwell (sul de Londres), a Polícia admitiu que se tratava de um homem inocente, brasileiro e eletricista.

- O comissário será interrogado pela IPCC no final desta semana - disse, nesta terça, um porta-voz da Scotland Yard. Espera-se que a investigação da IPCC sobre a atuação de Ian Blair no caso Jean Charles termine nos próximos meses.

A IPCC também investigou a morte do brasileiro e enviou à Promotoria seu relatório final do caso.

Em julho, a Promotoria britânica decidiu não apresentar acusações contra agentes da Polícia, mas decidiu processar a Scotland Yard em virtude dos capítulos 3 e 33 da chamada Lei de Saúde e Segurança no Trabalho, de 1974.

Segundo a Promotoria, as forças de segurança desrespeitaram essa legislação ao não assegurar "a saúde, segurança e bem-estar" de Jean Charles em 22 de julho do ano passado.

Jean Charles, de 27 anos, morreu um dia depois dos ataques fracassados contra a rede de transportes de Londres, nos quais não houve vítimas porque somente os detonadores explodiram, e não as bombas.

Na manhã de 22 de julho, o jovem saiu de um bloco de apartamentos vigiado no bairro de Tulse Hill, no sul de Londres, entrou em um ônibus e foi até a estação de Stockwell, onde foi baleado pela Polícia ao ser confundido com um terrorista suicida.