Começou, o Festival Internacional de Cinema de Locarno, no cantão suíço do Ticino, cuja grande atração é a maior tela do mundo, de quase 300 m2, ao ar livre, numa praça com capacidade para 9 mil pessoas sentadas, a Piazza Grande.
Nessa praça, receberão Leopardos de Honra, por seus filmes, o cineasta iraniano Abbas Kiarostami, o alemão Wim Wenders e o americano Terry Gilliam. O ator americano residente na França, John Malkovich, que inspirou um filme com seu próprio nome, Ser John Malkovich, de Spike Jonze, receberá também um prêmio de Excelência. A americana Susan Sarandon e o italiano Vittorio Storaro serão contemplados com o mesmo prêmio.
Não há nenhum filme brasileiro na competição internacional, mas o brasileiro Kiko Goifman participa da mostra Cineastas do Presente com seu filme vídeo de 40 minutos, Acts of Men. Kiko Goifman já é conhecido do Festival de Locarno, onde exibiu seus outros vídeos.
A mostra de filmes vídeos em Locarno está completando dez anos e o número de participantes em progressão. Para comemorar, Locarno fará uma retrospectiva de todos os premiados nestes dez anos.
Depois de ter mostrado a cinematografia cubana, no ano passado, o Festival de Locarno dá um destaque especial ao cinema de três países árabes do Magreb (Tunísia, Argélia e Marrocos).
CINEMA DE ARTE EM CRISE
A italiana Irene Bignardi, diretora do Festival de Locarno, afirma que depois de terem sido visionados 1228 longas-metragens e visto outros 300 em festivais diversos, constata-se uma crise preocupante no cinema mundial - o cinema de arte ou de autor está em franca regressão, enquanto o cinema comercial, pressionado pelos produtores e exibidores, vai assumindo a cena cinematográfica.
"Os financiamentos nos diversos países favorecem só os filmes comerciais e penalisam os filmes de autor", diz ela. "No ano passado, foi preciso fazer uma seleção entre muitos filmes bons e este ano foi preciso se procurar bastante para se chegar a uma boa seleção de filmes na competição".
No total, 38 países estão presentes com seus filmes no Festival.
Irene Bignardi acentúa que o Festival de Locarno constitui uma alternativa à distribuição normal de filmes - "em Locarno, diz ela, os expectadores suíços e estrangeiros podem ver filmes que nunca teriam a possibilidade de ver nos cinemas de sua cidade". Ela também destaca que o público de Locarno é constituído de cinéfilos exigentes capazes de ver 5 a 6 filmes por dia.