Dentro de 15 anos, a economia do Brasil será maior do que a da maioria dos países da Europa. Juntamente com Rússia, Indonésia e África do Sul, mas num patamar abaixo de China e Índia - os dois grandes novos poderes emergentes deste começo de século -, o país será um ator de destaque numa transformação histórica do panorama internacional. Trata-se de uma transformação que alterará o mapa mental que as pessoas fazem hoje do mundo e tem o potencial para tornar obsoletas as velhas categorias como Oriente e Ocidente, Norte e Sul, países alinhados e não alinhados, desenvolvidos e em desenvolvimento.
Essas afirmações constam de um estudo sobre o Panorama Global em 2020 que o Conselho Nacional de Inteligência - o setor de análises da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) - divulgou neste domingo, com a assinatura do diretor da instituição, George Tenet. Baseado em meia dúzia de conferências que reuniram estudiosos de várias regiões e países ao longo de 2004 e de inúmeras consultas encomendadas a especialistas, o trabalho, de 115 páginas, identifica este momento da história como o de maior mudança potencial das formas e da natureza dos alinhamentos internacionais desde a formação da Aliança Ocidental contra o comunismo, em 1949.
"A simples magnitude e a velocidade da mudança resultante da globalização será um elemento definidor do mundo em 2020", afirma o estudo, que centra seu "mapa do futuro" em três elementos: a ascensão de novos poderes, principalmente na Ásia, os novos desafios à governabilidade, e um sentimento mais difundido de insegurança, nele incluído o terrorismo.
Impactos - Em sua análise, a CIA afirma que "o papel dos EUA será uma importante variável na forma como o mundo evoluirá, influenciando os caminhos que estados e não-estados seguirão" e reconhece a deterioração da imagem americana. Ao mesmo tempo, o estudo compara a provável ascensão da China e da Índia, bem como de outros países, entre eles o Brasil, como novos atores globais ao advento da Alemanha unificada no século 19 e dos EUA no século 20 e afirma que o processo transformará o cenário geopolítico, com impactos potenciais tão dramáticos quanto os dos dois últimos séculos.
"Da mesma forma como comentaristas se referem aos anos 1900 como 'o século americano', o século 21 poderá ser visto como uma época em que a Ásia, liderada pela China e a Índia, se afirmará", diz o estudo.
A CIA prevê que em 2020 a China terá o segundo PIB no planeta, atrás dos EUA, e que a economia da Índia superará a das potências européias. O rápido aumento do poder econômico e político das duas nações será impulsionado por uma "combinação de alto crescimento econômico sustentado, expansão da capacidade militar e grandes populações", afirma a CIA. Mas o processo de ascensão das duas nações asiáticas no cenário mundial contém incertezas importantes, derivadas da maneira como elas escolheram exercer seu crescente poder - se em cooperação ou em competição com outras potências.