O Cordão do Boitatá iniciou seu baile mais cedo, por volta das 10h. Em sua 21° edição, o bloco homenageou Tom Jobim
Por Redação - do Rio de Janeiro
Apesar da chuva, os foliões cariocas se esbaldaram nos blocos de rua, ao longo deste domingo. Os blocos do Cordão do Boitatá e Bangalafumenga animaram os foliões no Centro do Rio. Ambos começaram suas apresentações em palcos montados, respectivamente, na Praça XV e no Aterro do Flamengo.
O Cordão do Boitatá iniciou a festa mais cedo, por volta das 10h. Em sua 21° edição, o bloco homenageou Tom Jobim, Moacir Santos e Ismael Silva.
— A nossa história com o carnaval começou com o cortejo de rua, que se mantém. No domingo passado saiu nosso cortejo. Mas, desde 2005, a gente começou com esse baile aqui na Praça XV. Porque o Cordão do Boitatá não nasceu como bloco de carnaval, mas sim como bloco de música — disse a jornalistas o músico Kiko Horta, um dos fundadores do grupo.
Índio quer sambar
Indígena da etnia tabajara, o folião Akazuy, de 70 anos, saiu da Baixada Fluminense, onde mora, para brincar o carnaval. Vestido com as roupas tradicionais de sua tribo, originária do Ceará, o septuagenário não perdeu o ritmo.
— Estou feliz, porque essa é uma festa cultural de alegria, que mistura o branco, o preto e nós, caboclos. Para mim é muito bom, estarmos reunidos comemorando essa alegria — disse.
Outro folião, o aposentado Marcos Ranauro, fantasiou-se de fotógrafo lambe-lambe e se oferecia para tirar fotos com os celulares dos próprios foliões.
— Nos blocos que eu vou, são mais de 100, 200 pessoas pedindo para tirar foto. Às vezes eu nem brinco o carnaval — reclamou.
Bangalafumenga
Já o bloco Bangalafumenga, que comemora seu vigésimo carnaval, começou o desfile atrasado, pouco antes das 11h.
— A gente já nasceu diferente, porque a gente nunca teve um compromisso com a tradição do samba. A gente tinha um compromisso em fazer uma batucada bacana. Desde o início, a gente toca de tudo: funk, ciranda, xote, maracatu... Acho que isso foi uma coisa diferente, que aconteceu em 1998 e as pessoas curtiram — lembrou o vocalista da banda, Rodrigo Maranhão.
Fã do bloco, a foliã Karla Oliveira chegou cedo para curtir o baile do Bangalafumenga com a família. “Todos anos, participamos do Bangalafumenga. É um bloco animado, alto-astral e canta músicas que o povo conhece. Sempre venho com meu marido, e essa é a primeira vez que a gente traz os filhos”, disse. Neste domingo são esperados os desfiles de mais de 70 blocos no Rio de Janeiro.
Sujeira na folia
Toda a animação dos foliões deixou um rastro de sujeira nas ruas. Os garis da Companhia de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro (Comlurb) recolheram 164 toneladas de lixo nos trajetos dos blocos carnavalescos. Os carnavalescos confundiram a rua com lixeira, nos bailes e desfiles das escolas de samba na Marquês de Sapucaí, no primeiro dia do carnaval carioca. De acordo com a prefeitura, a maior parte dessa montanha de resíduos (75 toneladas) foi recolhida após a passagem dos blocos.
Apenas no Cordão da Bola Preta, por exemplo, que desfilou no Centro da Cidade, com um público estimado em 1 milhão de pessoas, foram recolhidas 29 toneladas de lixo. No bloco das Favoritas, que também reuniu milhares de pessoas, foram 15 toneladas.
Durante o desfile das escolas de samba da Série A, a segunda divisão do carnaval carioca, no Sambódromo, foram recolhidas 41 toneladas, enquanto que as festas e bailes de rua geraram 42 toneladas de resíduo sólido, principalmente na zona oeste.