Os produtores de carne bovina brasileira marcaram sua presença no Salão Internacional da Alimentação (Sial) em Paris, que começou neste domingo, com um argumento de peso para estimular as vendas: o churrasco. O restaurante de degustação do Brazilian Beef, programa destinado a aumentar as exportações da carne brasileira, serviu cerca de 100 quilos de carne bovina, acompanhada por farofa, e 360 caipirinhas a um público de profissionais de diversos países. O churrasco brasileiro, preparado pela equipe da famosa churrascaria Barbacoa, de São Paulo, trazida especialmente para o evento, continuará sendo servido diariamente até o término do Sial, no próximo dia 24. A feira francesa, realizada a cada dois anos, é o mais importante evento do setor de agronegócios em toda a Europa. São mais de 5,2 mil expositores de 98 países e 130 mil compradores do mundo todo, em uma área de 200 mil metros quadrados. Churrasco O Brasil tem neste ano uma participação importante no Sial. São 95 expositores, incluídos os estandes de sindicatos empresariais. Vários setores estão presentes, como o de balas e doces, biscoitos, conservas, cachaça, frutas e bebidas em geral, mas o destaque fica por conta dos produtores de carne, que têm um peso importante na balança comercial brasileira: as exportações de carne bovina e de frango somam mais de US$ 2 bilhões (R$ 7.76 bilhões). O setor de carnes bovinas ocupa um espaço de 600 metros quadrados e conta com a presença de 13 frigoríficos. "Esperamos realizar negócios da ordem de US$ 150 milhões nesta feira", afirmou Edivar Vilela de Queiroz, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes Industrializadas (ABIEC). "O cheiro do churrasco é a melhor forma de vender a carne brasileira na Europa." Bife brasileiro Com 170 milhões de cabeças, o maior rebanho comercial do mundo, o Brasil vem conseguindo aumentar sua presença internacional graças ao programa Brazilian Beef, no qual o Ministério da Agricultura, a Agência de Promoção das Exportações (Apex), a ABIEC e a Confederação Nacional da Agricultura investiram R$ 5 milhões nos últimos dois anos. O programa tem o objetivo de colocar em evidência a qualidade da carne brasileira e melhorar as questões de ordem sanitária. O Brasil não registrou nenhum caso de febre aftosa nos últimos 14 meses e prevê erradicar a doença até 2005. O selo Brazilian Beef também foi criado para ressaltar a origem do produto. "Sem o selo, muitos compradores achavam que a carne brasileira era argentina quando ela chegava ao seu destino final", disse Queiroz. Nesse período de dois anos do programa Brazilian Beef, o crescimento em toneladas de produto exportado cresceu 88%. Exportação O Brasil exporta carne bovina hoje para 80 países. Há três anos, eram apenas 20 países. Entre os novos clientes, países do Oriente Médio e do Leste Europeu, China e em breve os Estados Unidos, que só compravam carne enlatada. O maior desafio hoje para os produtores é manter o maior nível de vendas conquistado durante o período da doença da vaca louca na Europa, que acabou beneficiando as exportações brasileiras. Os produtores de carne de frango também têm uma presença importante no Sial. São 20 companhias, entre elas Sadia, Perdigão, Frangosul, Seara e Chapecó. O Brasil é o segundo maior exportador mundial de frangos (US$ 1,2 bilhão em 2001) e vende para 90 países, mas os produtores precisam continuar lutando para manter o nível de suas vendas. Os produtores de carne suína participam do salão na França com um objetivo bem preciso: vender para a Europa a partir de 2003. Atualmente, o Brasil não vende carne suína para o continente por falta de acordo sanitário. O Salão Internacional da Alimentação de Paris se termina na próxima quinta-feira. Até lá, muito churrasco com farofa e caipirinha animará a visita no pavilhão de carnes da feira.
Churrasco brasileiro faz sucesso em Paris
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Domingo, 20 de Outubro de 2002 às 20:48, por: CdB