Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

China: próximo destino de Lula e empresários

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Quinta, 20 de Maio de 2004 às 08:44, por: CdB

Diante do sucesso que a idéia de ir à China fez entre o empresariado brasileiro, que viaja em peso na comitiva do presidente, neste fim de semana, fica uma questão: afinal, por que participar de uma missão como essa? Para o conselheiro Norton Rapesta, chefe da Divisão de Operações de Promoção Comercial do Ministério das Relações Exteriores, a resposta está na presença do presidente da República, que cria condições nítidas para os negócios brasileiros. Mais de 300 empresários já confirmaram presença na missão que embarca amanhã (21) para a China.

- É importante porque se fala do Brasil, evidencia-se a parceria e é uma demonstração de interesses que facilita contatos comerciais - diz o conselheiro. A estratégia já funcionou outras vezes: de acordo com dados do Itamaraty, após a viagem de Lula à Síria, no ano passado, as exportações para esse país cresceram 735,2%.

Para Rapesta, a abertura da economia levou à China grandes mudanças, o que favorece a diversificação da pauta de exportação brasileira. "Os chineses precisam de tudo, por isso existe espaço para os mais diversos produtos - não só minério de ferro e soja". O conselheiro ressalta que a China está acostumada a comprar matéria-prima, mas isso não significa que não há espaço para produtos manufaturados. "Não está vendido, você tem que ir lá e vender", enfatiza.

Paciência

O diretor da Cia. Cacique de Café Solúvel, Haroldo Bonfá, também reconhece esse novo momento chinês. "Agora existe um público ávido por novidades e por processos culturais diferentes". A Cacique, dona da marca Café Pelé, iniciou seu contato com a China em 1971, quando o país ainda era visto como o monstro comunista, e hoje volta para colher os frutos dessa parceria. "Há 30 anos atrás demos início a esse relacionamento, mas só agora conquistamos o mercado", lembra Bonfá.

Quem também deve embarcar na missão para a China é a empresária Heliete Reschke, presidente da Cia. Industrial Sino-Brasileira de Pirotecnia. Em busca da tecnologia chinesa para seus fogos de artifício, ela conta que a negociação do outro lado do mundo é trabalhosa. "O nosso trabalho com os chineses está sendo feito há seis anos e deve demorar ainda dois anos para ficar concluído", diz.

O processo comercial chinês é mesmo demorado e exige paciência, garantem os persistentes empresários. "Com cinco mil anos de comércio, eles são muito experientes. Mas, na hora de fazer negócio, é preciso entender o modo de negociar deles", explica Bonfá. "E, para isso, é preciso ter paciência de chinês, pois culturalmente eles possuem nuances que devem ser respeitadas e entendidas".

Ele conta que a empresa já vende café solúvel em pequenas quantidades há cinco anos, mas só depois de encontrar o distribuidor correto é que o negócio deslanchou. "Existem entraves específicos de distribuição geográfica, pois as dimensões do país são enormes. O fato de você lançar um produto em uma região, não significa que ele vai estar em todos os lugares. Existem muitos conceitos regionais", explica. "Por isso é muito difícil fazer negócio na China se você não tiver um distribuidor que conheça bem o mercado chinês".

Interesse mútuo

A China também já detectou o Brasil como parceiro estratégico. O interesse de investimentos é recíproco, garante Edson Corrêa de Melo Jr, diretor de desenvolvimento de negócios e Assuntos Externos da ZTE do Brasil.

Há quatro anos, quando essa fabricante chinesa de estruturas e terminais de telecomunicações partiu para o mercado internacional, elegeu o Brasil como sede da empresa na América Latina. A ZTE do Brasil tem escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. E se prepara para inaugurar, nos próximos 40 dias, um parque industrial em Barueri (SP) capaz de suprir as necessidades de todo o continente. "O próximo passo será trazer uma sucursal do centro de pesquisas tecnológicas da ZTE", revela o executivo.

Mas as coisas não s

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