Pequim manifestou "profunda preocupação" pelos oito cidadãos chineses seqüestrados no Iraque e negou, frente às acusações dos seqüestradores, que os reféns tivessem sido contratados pelos EUA, informou um comunicado governamental difundido, nesta quarta-feira, pela imprensa oficial.
Os seqüestrados "eram pessoas normais que foram por sua conta ao Iraque em busca de trabalho" mas não encontraram, "e assim alugaram um automóvel para sair do Iraque para a Jordânia", declarou ontem à noite em entrevista coletiva o porta-voz de Exteriores chinês, Kong Quan.
Os seqüestradores, um grupo autodenominado "Brigadas de Al Numan", afirmaram previamente em um vídeo difundido pelo canal árabe <i>Al Jazira</i> que os reféns trabalhavam para uma companhia chinesa de construção contratada pelas forças americanas.
- O governo chinês espera que possam ser libertados com segurança o mais rápido possível. - assinalou o porta-voz, que acrescentou que seu Ministério está tomando todas as medidas necessárias para resgatá-los.
Kong afirmou que o governo "sempre abrigou sentimentos de amizade para o povo iraquiano e manifestou seu apoio e simpatia por eles".
Em outro comunicado oficial, o Ministério de Exteriores chinês recomendou aos cidadãos do país que não façam viagens "desnecessárias" ao Iraque, devido à tensão que se vive estes dias no país árabe pela proximidade das eleições.
A agência oficial chinesa, <i>Xinhua</i>, destacou que todos os seqüestrados procedem da província chinesa de Fujian, uma das principais fontes de imigrantes chineses a todo o mundo.
No vídeo gravado pelos seqüestradores, os reféns aparecem com documentos de identidade nas mãos, enquanto os insurgentes ameaçam matá-los em 48 horas se o governo chinês não esclarecer sua posição com relação ao conflito do Iraque.
A China sempre se opôs à intervenção militar dos Estados Unidos e seus aliados no Iraque, mas mostrou posteriormente seu interesse em participar da reconstrução do país árabe, através de investimentos e instalação de empresas.
Pequim anunciou em março o perdão de parte da dívida iraquiana e o envio de 25 milhões de dólares em ajuda para a reconstrução, além de um milhão extra para apoiar as eleições de 30 de janeiro.
Segundo as últimas cifras disponíveis do Ministério de Comércio chinês, oito empresas da China operavam no Iraque em abril de 2004, com 23 trabalhadores chineses, embora outros cidadãos do país possam estar trabalhando para companhias estrangeiras.
Em abril de 2004, sete trabalhadores chineses foram seqüestrados no Iraque por um grupo sunita que aparentemente os confundiu com cidadãos japoneses e os libertou dois dias depois.
China nega que cidadãos seqüestrados no Iraque sejam contrados dos EUA
Arquivado em:
Quarta, 19 de Janeiro de 2005 às 03:53, por: CdB