China não prevê estímulo extra à economia após índices negativos

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Publicado quinta-feira, 10 de abril de 2014 as 12:32, por: CdB
Li Keqiang começa a colocar em prática as resoluções do Partido Comunista Chinês
Li Keqiang começa a colocar em prática as resoluções do Partido Comunista Chinês na economia

Primeiro-ministro da China, Li Keqiang descartou um grande estímulo para combater desacelerações de curto prazo no crescimento, mesmo que grandes quedas nos dados de importações e exportações tenham reforçado as previsões de que a segunda maior economia do mundo perdeu força no início de 2014. Li destacou, nesta quinta-feira, que a criação de emprego seja a prioridade de política do governo, afirmando a um fórum de investimento na ilha de Hainan que não importa se o crescimento ficar um pouco abaixo da meta oficial de 7,5%.

– Não adotaremos, em resposta a flutuações momentâneas no crescimento econômico, medidas de estímulo substanciais de curto prazo. Vamos em vez disso focar mais em desenvolvimentos saudáveis de médio a longo prazo – disse Li em discurso.

As declarações de Li estão entre as mais claras dadas até agora sobre os planos do governo para a economia, que tem aturdido investidores globais neste ano com uma performance surpreendentemente fraca. Dados comerciais nesta quinta-feira mostraram que as exportações caíram inesperadamente pelo segundo mês seguido em março, a pior leitura em mais de quatro anos, enquanto as importações tiveram a pior queda em 13 meses.

As exportações caíram 6,6% em março ante o ano anterior, após queda de 18,1% em fevereiro. As importações recuaram 11,3%, deixando o país com um superávit comercial de US$ 7,7 bilhões para o mês, ante déficit de 23 bilhões de dólares em fevereiro. Pesquisa da Reuters mostrava expectativa de alta de 4% nas exportações e de 2,4% nas importações, com superávit de US$ 900 milhões.

Economistas ficaram mais preocupados com a queda nas importações, que parece confirmar a fraqueza na indústria e na demanda do consumidor. Parte da queda nas exportações foi atribuída a números do começo do ano passado terem sido inflados por faturas falsas antes de uma ação repressiva do governo em meados de 2013.

Corte de preços

Ainda nesta manhã, em mais um sinal de recuo na economia chinesa, a Baoshan Iron and Steel (Baosteel) anunciou cortes nos preços de seus principais produtos para entrega em maio. A Baosteel disse que reduzirá o preço de bobinas laminadas a frio em 150 yuans por tonelada e o das bobinas laminadas a quente em 100 yuans por tonelada.

Os ajustes de preço da Baosteel normalmente definem o tom do mercado de aço como um todo, e sua decisão de cortar os preços para maio refletem a fraqueza no mercado chinês de aço, que tem sido prejudicado por um severo excesso de capacidade e fraca demanda. A empresa manteve seus preços de abril inalterados após uma elevação em março.

Mesmo diante das notas negativas, as ações asiáticas atingiram máximas em cinco meses nesta quinta-feira uma vez que investidores receberam bem a ata do Federal Reserve, que sugeriu que as autoridades do Banco Central dos Estados Unidos serão mais cautelosas em relação a aumentar as taxas de juros do que os mercados haviam pensado.

Os ativos com mais risco também não se abalaram com dados fracos sobre as exportações chinesas já que analistas disseram que os números provavelmente foram distorcidos por um superfaturamento no ano passado para contornar controles de capital mais rígidos.

Às 7h15 (horário de Brasília), o índice MSCI que reúne ações da região Ásia-Pacífico com exceção do Japão avançava 0,79%, perto do pico em cinco meses de outubro, enquanto o índice japonês Nikkei reduziu os ganhos do começo da sessão e fechou estável.

A ata do Fed mostrou que os integrantes do banco central se mostraram preocupados com a possibilidade de investidores reagirem de forma exagerada a novas previsões que pareciam sugerir um ciclo de alta no juros mais agressivo do que o planejado pelas autoridades.