O chefe dos serviços de segurança da China determinou, sem alarde, uma diminuição no número de execuções no país a fim de contribuir com os esforços da nova liderança chinesa de associar uma imagem mais moderada ao governo autoritário, disseram fontes independentes na terça-feira.
A China executa mais pessoas do que todo o resto do mundo junto, por crimes que vão do estupro à corrupção. ``Se for possível executar um número menor de pessoas, então executem um número menor de pessoas'', disse o chefe dos serviços de segurança do país, Luo Gan, de acordo com uma fonte judicial. ``Se for possível não executar ninguém, então não executem ninguém'', afirmou Luo.
Um grupo de acadêmicos da China irá debater em maio se o governo deveria abrir mão da pena capital, afirmou Ruan Qilin, da Universidade de Política e Direito da China. Mas, segundo analistas, a pena de morte não deve ser abandonada de vez, principalmente em vista do número cada vez maior de crimes em meio a disparidades sociais crescentes depois de 20 anos de reformas econômicas, que deixaram milhões de funcionários públicos sem emprego.
O grupo de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional registrou 2.468 execuções na China em 2001, com base em relatos dos meios de comunicação. Entre 1990 e 1999, o grupo identificou 18.194 execuções no país, uma média anual de 1.819. O governo chinês nunca divulgou números oficiais sobre a pena de morte.
Segundo a pessoa que conversou com a Reuters, a China executou cerca de 5.000 pessoas no ano passado. A recomendação de Luo aparece no momento em que o Parlamento chinês prepara-se para emendar a Constituição, em sua sessão anual, a fim de incluir uma cláusula sobre a proteção dos direitos humanos.
Luo, que comanda o Comitê Central de Ciência Política e Direito do Partido Comunista, é encarregado de supervisionar a atividade de juízes, promotores, policiais e agentes do serviço secreto.
A pena de morte na China geralmente era conduzida com um único tiro, a curta distância, contra o coração ou nuca do condenado, que ficava ajoelhado, com os pés e mãos presos.
Em 1997, o país introduziu a injeção letal para execuções.