A China quer normalizar suas relações com o Vaticano, mas com a condição de que ele corte os laços com Taiwan e prometa não interferir nos assuntos internos de Pequim, disse nesta terça-feira uma autoridade da igreja apoiada pelo governo.
O bispo de Hong Kong, Joseph Zen, afirmou, segundo o jornal South China Morning Post, que a Santa Sé estaria disposta a romper com Taiwan, ilha que Pequim considera parte de seu território desde que se separaram, no final da guerra civil de 1949.
Mas um importante diplomata do Vaticano negou qualquer mudança de posição e disse não esperar novidades até depois da eleição do sucessor do papa João Paulo II.
- É nossa esperança de longa data melhorar e estabelecer relações com a Santa Sé - declarou Liu Bainian, vice-presidente da Associação Católica Patriótica da China, patrocinada pelo governo, sem comentar diretamente as declarações de Zen.
- Mas a Santa Sé deveria cortar completamente o relacionamento com Taiwan. Esse é o maior obstáculo para a normalização. E a Santa Sé não deve interferir nos assuntos internos da China - disse ainda Liu.
A China rompeu com o Vaticano nos anos 1950, depois de expulsar um clérigo estrangeiro e de forçar fiéis a aderirem à associação católica estatal - que promete lealdade a Pequim, em vez de ao papa.
A China manifestou condolências no domingo pela morte do papa João Paulo 2o. e disse que espera melhorar as relações com seu sucessor, desde que o Vaticano rompa com Taiwan.
O Vaticano estima ter oito milhões de seguidores na China, comparados aos cinco milhões que seguem a associação católica estatal.