O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, exortou nesta sexta-feira os Estados Unidos a "tirarem suas mãos da Venezuela", enquanto acusava Washington de apoiar uma onda de protestos da oposição, que busca realizar um referendo para questionar a continuidade do mandato presidencial.
Chávez, que enviou tropas às ruas para controlar uma semana de protestos, nos quais oito pessoas morreram, apelou à comunidade internacional por uma condenação do que ele disse ser a segunda tentativa americana em dois anos de derrubá-lo.
- Em nome da verdade, tenho que pedir ao governo de Washington para tirar as mãos da Venezuela - disse o líder esquerdista a embaixadores estrangeiros, que ele convocou ao palácio presidencial de Miraflores, na capital, Caracas.
O embaixador dos EUA, Charles Shapiro, enviou seu vice.
- O governo de Bush financia essa oposição louca, tenho muitas provas - disse Chávez, sem dar detalhes.
Ele repetiu as acusações de que Washington apoiou o breve golpe de Estado que o depôs em abril de 2002. O governo do presidente George W. Bush nega insistentemente as acusações de Chávez e diz que a retórica anti-EUA do presidente da Venezuela tem como objetivo desviar atenção dos problemas domésticos.
A Venezuela, quinto maior exportador de petróleo do mundo, é um dos quatro maiores fornecedores do combustível aos EUA. A empresa estatal PDVSA diz que suas operações e carregamentos não foram afetados pelos protestos anti-governo.
Manifestantes da oposição, que acusam Chávez de manipular as autoridades eleitorais do país para bloquear um pedido de referendo, tomou as ruas de Caracas e outras cidades do país ao longo da semana, erguendo barricadas e combatendo tropas.
Os opositores dizem que Chávez, um ex-pára-quedista eleito em 1998, governa como um ditador. Mas o líder populista ainda goza de apoio entre os venezuelanos mais pobres. As manifestações diminuíram nesta sexta-feira, apesar de os manifestantes anti-Chávez terem saído às ruas de Caracas para protestar contra a morte de opositores. Os dois lados se acusam de usar armas de fogo nas manifestações.
Washington diz que está preocupado com a violência na Venezuela e apóia a idéia de um referendo para tentar pôr fim ao conflito político entre Chávez e a oposição. Numa medida para evitar mais mortes, o governo da Venezuela suspendeu por nove dias os direitos de porte de arma de fogo de civis.
A oposição planeja um mega-protesto no sábado.
Chavez pede ajuda e ataca EUA
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Sábado, 06 de Março de 2004 às 06:30, por: CdB