O chanceler boliviano, Juan Ignacio Siles, disse que a crise interna vivida pelo país não justifica a intervenção da Organização dos Estados Americanos (OEA), ou de outras organizações multilaterais, para garantir a ordem institucional.
Siles, que planeja participar no domingo da inauguração da Assembléia Geral da OEA, nos Estados Unidos, espera que o novo secretário da entidade, o chileno José Miguel Insulza, não promova o debate em torno da crise boliviana, pois não há alterações da ordem constitucional.
- Somos um país soberano e vamos resolver nossos problemas. Agradecemos os apoios e a solidariedade de outros países, mas não há razão alguma que justifique a intervenção da OEA e de outros organismos internacionais - disse Siles em entrevista ao jornal chileno La Tercera.
A Bolívia, que rejeitou a candidatura de Insulza à OEA por razões históricas, vinculou nos últimos anos parte de sua crise social e econômica aos pedidos insistentes do país de ter uma saída para o mar, que perdeu na guerra com o Chile, em 1879.
Nos últimos dias, os protestos indígenas, que começaram em La Paz e já provocaram a paralisação da capital, concentraram-se em pedidos pela nacionalização da reserva de gás natural que a Bolívia possui, a segunda maior da América Latina.
- Acredito que seja evidente que a crise na Bolívia não é fácil de aplacar internacionalmente. As imagens são muito vivas e não pretendemos diminuir a importância que está sendo dada à crise - afirmou Siles.
- Aqui não tem havido nenhuma razão que demonstre uma alteração da ordem constitucional, portanto não vemos necessidade de pedir apoio à OEA - reiterou.
Nesta semana, o presidente da Bolívia, Carlos Mesa, firmou um decreto para tentar frear os violentos protestos e reduzir as diferenças entre ricos e pobres.