Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Cerâmica do Pará encanta o Rio

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Segunda, 01 de Dezembro de 2003 às 06:27, por: CdB

  A cerâmica de Icoaraci, distrito a 18 km de Belém, no Pará, que reproduz o traço das culturas marajoara e tapajônica, poderá ser vista na Sala do Artista Popular do Museu de Folclore Edison Carneiro (Rua do Catete 179), de 27 de novembro (inauguração, às 17h) a 4 de janeiro de 2004. São 2 mil peças, entre utilitários - potes, alguidás, pratos, vasos, travessas, panelas, cinzeiros - e objetos de decoração, que estarão à venda a preços que variam de R$ 5,00 (potes pequenos e cinzeiros) a R$ 200,00 (réplica de vaso marajoara do Museu Emílio Goeldi). 

Icoaraci, também conhecida como Vila Sorriso, apesar de ter mais de 200 mil habitantes, ainda conserva a simplicidade das vilas do interior. A partir da década de 50, se tornou centro de referência da cerâmica Amazônica, quando Antônio Farias de Vieira, conhecido como Mestre Cabeludo, viu pela primeira vez em uma revista, a imagem de um vaso marajoara e decidiu reproduzi-lo, mesmo sem o conhecimento das técnicas e sem o torno, peça hoje absolutamente necessária ao trabalho desses artistas.  

Mestre Cabeludo deu início a uma minuciosa pesquisa e conseguiu reproduzir fielmente todo o processo de confecção da cerâmica indígena ancestral da região, desde a escolha da argila até as sofisticadas técnicas de pintura com tintas e pigmentos naturais da floresta. A curiosidade de Mestre Cabeludo imprimiria uma mudança importante na história da cerâmica tradicional de Icoaraci, que a partir daí resgatou aspectos das culturas marajoara, tapajônica, santarena, maracá e kondori, incorporando técnicas como as da incisão, que utiliza grafismos internos; e da excisão, caracterizada por grafismos externos. 

Aos poucos, a cerâmica de Icoaraci passou a ser reconhecida em outros países, especialmente nas décadas de 70 e 80, fazendo com que surgissem artistas de talento como Mestre Cardoso, Dona Inês, Dona Ana e, mais recentemente, Zuíla, Elias, Cauby, Antonio, Levy, Ademar, Wilson, Júlio e Manuel, entre outros.
 
A exposição do Museu de Folclore Edison Carneiro é resultado do Programa Artesanato, uma parceria do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP) e Sebrae-Pará, que tem como objetivo o resgate e a preservação das técnicas tradicionais de confecção da cerâmica de Icoaraci, assim como a criação de mecanismos de escoamento da produção daquela comunidade.

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