As impressões digitais do caseiro Jossiel Conceição dos Santos, de 20 anos, não combinam com as encontradas na mansão do casal Staheli na época do crime, em novembro do ano passado. A comparação foi feita por peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli.
As digitais de Jossiel - que chegou a confessar o crime, foi preso e depois solto por falta de provas e ainda negou ter matado o casal - foram comparadas àquelas encontradas pelos locais em que o assassino poderia ter passado - portas e janelas -, de acordo com o diretor do ICCE, Roger Ancillotti. Ele informou ainda que o exame de DNA das manchas de sangue encontradas numa camisa que Jossiel disse ter usado no dia do crime fica pronto segunda-feira.
Nova versão
Na sexta-feira, Jossiel voltou atrás e negou que tenha assassinado os americanos. À polícia, ele teria informado que duas pessoas cometeram o assassinato e que apenas forneceu a arma, um pé-de-cabra.
O motivo dessa mudança de discurso seriam as ameaças de morte que Santos afirma ter recebido dos verdadeiros assassinos. O secretario de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho confirmou a versão e garantiu ter informações sobre os verdadeiros autores do crime. O caseiro está no Programa de Proteção à Testemunha.
No final da tarde de sexta-feira, a juíza Maria Angélica Guedes decidiu acatar a decisão de soltura do colega Renato Ricardo Barbosa e negou o pedido do Estado do Rio para manter Jossiel Santos na cadeia. Por falta de provas, o acusado vai responder pelo crime em liberdade e a polícia terá 48 horas para justificar os motivos de sua prisão.
História mal-explicada
Até agora, a única acusação que pesa mesmo sobre Santos é a de furto. Ele foi preso por seguranças do condomínio onde morava a família de americanos, depois de pular o muro para tentar assaltar uma casa. Ao ser levado para a 16ª DP, caiu em contradição e confessou que matou o casal com golpes de pé-de cabra. Santos, que trabalhava como caseiro na casa ao lado dos Staheli, justificou o assassinato afirmando que foi vítima de discriminação racial no período em que prestou pequenos serviços para os americanos. De acordo com seu depoimento, os patrões o chamavam de "crioulo" e seus filhos o maltratavam.
O depoimento colhido pela polícia não bate com o exame de corpo de delito de Michelle Staheli. O suposto assassino descreveu em detalhes como matou a americana, mas o laudo contradiz sua versão. O casal Staheli foi assassinado durante a madrugada em sua casa, localizada em um condomínio de luxo da Barra da Tijuca. Foram os filhos que descobriram os corpos sobre a cama. Todd morreu na hora e a mulher quatro dias depois.
Desde que o assassinato foi cometido, em 30 de novembro do ano passado, a polícia chegou a trabalhar com 15 linhas de investigação e contou até mesmo a ajuda de quatro agentes do FBI, a polícia federal americana. Os agentes desembarcaram no Rio para acompanhar as investigações, sem sucesso. Nesse período, o motorista da família, Sebastião Moura , e a filha do casal de 13 anos entraram para a lista de suspeitos, mas foram descartados por resultados de exames de DNA.