Ao seu estilo, o senador José Serra (PSDB-SP) lançou o petardo que estremeceu as bases do partido.
Por Redação, de São Paulo
Com a queda do balão de ensaio de uma eventual candidatura à Presidência da República do prefeito tucano de São Paulo, João Doria, alvejado em pleno voo, por todos os lados, o senador Josê Serra (PSDB-SP) lançou, nesta segunda-feira, um míssil capaz de detonar o que resta do ninho político.
A explosão está programada para o jantar marcado em uma das mansões dos Jardins, bairro nobre da capital paulista. Serra reúne-se, logo mais, com parlamentares e alguns líderes do partido. No cardápio; além da permanência, ou desembarque, do governo peemedebista de Michel Temer, o prato de resistência será a candidatura de Serra ao cargo do governador Geraldo Alckmin. No alpiste da sobremesa, amargo para os tucanos, sobram denúncias no âmbito da Operação Lava Jato.
Doria no páreo
O presidente de Honra do PSDB, Fernando Henrique Cardoso (FHC), conselheiro de Serra, que defende o desembarque imediato da administração federal, recebeu, na semana passada, uma visita do aconselhado. Este saiu do encontro com a mesma expressão enigmática com que entrou. Ambos, no entanto, mantêm-se com a certeza de que Doria errou demais e passa para o fim da fila, na sucessão para o governo do Estado.
A discussão sobre a disputa estadual reflete a última pesquisa do Instituto Datafolha. O estudo mostra que Doria não saiu do chão na direção do Palácio do Planalto. Pupilo de Alckmin, ainda abalado pela tentativa da criatura de ocupar seu posto na largada para a corrida presidencial, Doria ainda poderia pensar em ser candidato a vice-governador. Desde que o candidato escolhido não seja José Serra, seu desafeto declarado.
Doria ainda acredita, segundo assessores próximos, que poderá superar também os desgastes promovidos por um intenso bate-boca com ex-governador Alberto Goldman (PSDB); sem contar o episódio da ração humana que tenta emplacar na merenda das crianças paulistas. Há, ainda, uma questão financeira envolvida no relacionamento entre Doria e os tucanos.
Foro privilegiado
Na eleição municipal, Doria notou que o PSDB não chegou perto do que esperava no apoio à sua campanha. Ele pagou 36% (R$ 4,4 milhões) do total de R$ 12,5 milhões gastos na empreitada. A agremiação partidária pagou apenas 20% (R$ 2,5 milhões) das despesas. Agora, com o veto às doações de empresas, o quadro fica ainda mais difícil. Ele poderia contar apenas com o financiamento de pessoas físicas e com recursos próprio.
A exibição de músculos do senador José Serra (PSDB-SP) ao governo paulista é outro fator que influi nas intenções de Doria. Seu arquirrival conta, na largada, com o apoio do PSD, cujo presidente, Gilberto Kassab, manifestou o desejo de concorrer como vice-governador. Embora tenha tentado ajeitar sua relação com Alckmin, há aqueles que não perdoam uma deslealdade. Enter eles estaria o PTB. Presidente estadual da legenda, Campos Machado está entre os mais contundentes críticos do prefeito paulistano.
Serra, no entanto, tem sido aconselhado a permanecer no Senado. Seria uma eleição mais segura. Assim, continuaria longe da Primeira Instância da Justiça, onde o curso dos processos a que responde seria imponderável. Caso dispute, e perca, a eleição ao Palácio dos Bandeirantes, Serra não disporia mais do foro privilegiado.