O Canadá pediu às autoridades iranianas a repatriação do corpo da jornalista e fotógrafa Zahra Kazemi, de Montreal, que morreu em condições ainda não esclarecidas no Irã, onde foi presa no final de junho, informou neste sábado o Ministério das Relações Exteriores.
- Vamos ajudar a família que pediu a repatriação do corpo ao Canadá - declarou à AFP um porta-voz da diplomacia, Reynald Doiron.
- O embaixador do Canadá em Teerã recebeu instruções para se reunir com o ministro das Relações Exteriores o mais cedo possível - informou.
O governo de Ottawa foi informado neste sábado sobre a morte de Zahra Kazemi, de 54 anos, fotógrafa freelancer que possuía dupla nacionalidade, canadense e iraniana. Antes de decidir apresentar qualquer queixa, o Canadá "espera a resposta do Irã de informações sobre o que aconteceu", destacou Doiron.
Em uma coletiva de imprensa, o filho da vítima, Stephane Kazemi, afirmou neste sábado que "a volta do corpo de Zahra ao Canadá é tudo o que importa agora".
- Depois, veremos o que podemos fazer - acrescentou o jovem, que recebeu a notícia através de sua avó que mora no Irã e com quem tem contato freqüentemente. Um grupo de imigrantes iranianos no Canadá, a Associação de Defesa dos Direitos Humanos no Irã, escreveu o chanceler canadense, Bill Graham, para pedir "o imediato envio" do corpo ao país.
- Devido às violações dos Direitos Humanos que o regime iraniano realiza e com o objetivo de evitar que tentem impedir que a verdade sobre a suspeita morte da senhora Kazemi seja conhecida, é necessário que se traga o corpo ao Canadá para realizar uma autópsia - avaliou o grupo em um comunicado.
- Não temos nenhuma confiança no regime iraniano - declarou à imprensa a presidente do grupo, Hossein Mahoutiha, que pediu uma investigação independente sobre a morte de Kazemi.
Segundo pessoas próximas, a jornalista foi presa por volta do dia 23 ou 24 de junho, enquanto fotografava a prisão de Evine, no Norte do Irã. As autoridades iranianas não "aprovaram" o fato de Kazemi "desejar fazer reportagens com as famílias de manifestantes presos durante os recentes distúrbios" em Teerã, o que viola as leis iranianas que regem o trabalho dos jornalistas.
Segundo seu filho, a jornalista trabalhava de forma independente, principalmente para a revista Quebec Recto Verso, e "não se envolvia politicamente".
- Tudo que fazia era informar as pessoas sobre o que acontecia de verdade, através de suas imagens, de suas fotos, mas também através de suas matérias - lembrou Stephane Kazemi.
Canadá pede repatriação do corpo da jornalista canadense morta no Irã
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Sábado, 12 de Julho de 2003 às 16:46, por: CdB