O confronto entre a Guarda Municipal e camelôs na Avenida Rio Branco, no Centro do Rio de Janeiro, que freqüentemente leva pânico aos comerciantes e pedestres, ganhou maiores proporções nesta quarta-feira. Uma caminhonete da Prefeitura foi incendiado. No final do confronto, foram contabilizados três feridos e 39 detidos. À noite houve outro atrito.
O fato aconteceu depois que duas caminhonetes da fiscalização da prefeitura contra o comércio ambulante ilegal foram atacadas pelos camelôs. Um dos veículos foi atingido por uma bomba de fabricação caseira e pegou fogo na esquina da Rua Sete de Setembro.
Uma grande nuvem de fumaça pôde ser vista de vários pontos da Avenida. As chamas atingiram um relógio digital que, depois de ultrapassar 70 graus de temperatura, explodiu.
O Corpo de Bombeiros conseguiu controlar o fogo que destruía a caminhonete. Antes das chamas serem debeladas houve três explosões que provocaram correria e pânico entre os pedestres. O comércio foi fechado e o trânsito ficou complicado nas proximidades.
No confronto, pelo menos um pedestre e quatro guardas municipais ficaram feridos. A vítima, uma mulher, teria sido levada para uma clínica particular e os guardas, para o Hospital Souza Aguiar.
O carro incendiado fazia parte do novo esquema de repressão ao comércio ambulante no Centro do Rio. Um outro carro foi apedrejado durante a confusão e teve o pára-brisa quebrado.
Apesar do tumulto, os cerca de 60 fiscais do Departamento de Controle Urbano permanecem no local. A secretaria informou ainda que a fiscalização permaneceria por toda a extensão da Rua Sete de Setembro até as 20h, retornando amanhã às 8h.
As lojas localizadas nas ruas Sete de Setembro, Ouvidor, Uruguaiana e no trecho da Avenida Rio Branco, na área onde aconteceu o confronto, reabriram as portas após a situação ter sido controlada.
Novo confronto
No fim da tarde o mesmo grupo que participou dos primeiros tumultos estava reunido na Avenida Rio Branco, um dos principais centros financeiros do Rio. A Polícia Militar foi chamada para evitar um novo confronto.
Os PMs tiveram dificuldades para conter os camelôs. Alguns conseguiram fugir. Trinta e nove pessoas foram detidas e levadas para a delegacia.
Esta noite, houve um novo tumulto, desta vez na porta da delegacia para onde foram levados os camelôs detidos. Ambulantes e guardas municipais voltaram a se enfrentar. Não há registro de feridos.
Comerciantes reclamam
O prejuízo dos comerciantes do Centro do Rio, obrigados a fechar as portas toda vez que ocorrem confrontos entre camelôs e guardas municipais, pode chegar a R$ 25 milhões por dia, segundo o Sindicato dos Lojistas do Rio (Sindlojas-Rio), considerando que, cada uma das cinco mil lojas da região fatura, em média, R$ 5 mil ao dia.
Os comerciantes do Centro do Rio são unânimes em defender um policiamento ostensivo na região. "Hoje foi morteiro, pedrada e até tiro. Um tumulto muito grande. Ou se faz um policiamento ostensivo, sem policiais armados prontos para a guerra, ou não se faz nada. Somente hoje tive que fechar a loja três vezes", disse Márcia Fernandes, de 43 anos, gerente administrativa de uma loja de produtos naturais na Rua do Ouvidor.
A comerciária Rita Maria da Silva Pereira, 43, gerente da loja de moda masculina Super Off, engrossa o coro. "A gente está com este problema desde o fim do ano passado. A Guarda teria que ficar de plantão para evitar a instalação dos camelôs. É um prejuízo muito grande nesta época de Natal. Hoje é o dia em que a loja normalmente fica cheia e de repente vemos os cliente saindo correndo". Rita conta ainda que no ano passado sua loja teve a vitrine quebrada por uma pedra portuguesa.
Uma solução mais dura foi sugerida pelo dono da loja NG de acessórios de couro, Casemiro Neves, 48, para quem a Guarda Municipal deve usar a força para evitar o comércio ambulante. Na opinião do comerciante, a Guarda deve pegar pesado com "esse pessoal". "Já