O empate técnico nas pesquisas tem feito democratas e republicanos elevarem o tom dos ataques mútuos e tentarem assustar os eleitores americanos descrevendo o horror que seria escolher o candidato adversário.
Em seus comícios, o senador democrata John Kerry reitera a possibilidade de o presidente dos EUA, George W. Bush, reintroduzir o serviço militar obrigatório se for eleito para um segundo mandato, algo que o republicano prometeu não fazer.
Ainda assim, o também senador democrata Joseph Biden disse neste domingo que, se a política externa atual dos EUA não mudar, essa medida seria necessária. Biden é um dos nomes mais citados para ser secretário de Estado num governo Kerry.
Para ele, o problema está no fato de as forças armadas do país estarem funcionando na capacidade máxima e de serem necessárias mais tropas no Iraque, como disse o senador em entrevista à rede ABC.
No mesmo programa, seu colega republicano John McCain enfatizou que o serviço militar obrigatório "não funciona". Segundo McCain, "os ricos sempre vão encontrar um médico que diga que eles têm algum problema no joelho" e assim se eximir da obrigação de se alistar.
A campanha de Bush também não fica atrás nas tentativas de assustar os possíveis eleitores do adversário. Um anúncio novo, exibindo imagens de lobos ameaçadores, sugere que os terroristas poderiam cometer atentados contra os americanos se Kerry for eleito.
- John Kerry e os liberais no Congresso votaram a favor do corte de 6 bilhões de dólares do orçamento de inteligência dos Estados Unidos - afirma a voz da narradora em tom sombrio.
- Estes cortes eram tão profundos que teriam enfraquecido as defesas dos EUA. E a fraqueza atrai os que estão esperando para provocar danos nos EUA - conclui, enquanto os lobos avançam para a câmera.
Tad Sucedi, um assessor de Kerry, disse neste domingo na TV Fox News que o anúncio demonstra que a campanha de Bush é baseada no medo. No entanto, o diretor da campanha, Marc Racicot, respondeu na CNN que o anúncio "demonstra a natureza malvada do terrorismo" e insistiu que Kerry sempre tomou a posição errada para combatê-lo.
Talvez a figura que mais descreveu os horrores de um possível mandato de Kerry nesta campanha tenha sido vice-presidente Dick Cheney. Em discurso no Novo México, no sábado, Cheney disse que na década de 1980 Kerry foi contra a aprovação do armamento que permitiu ao então presidente Ronald Reagan vencer a Guerra Fria.
- Se John Kerry estivesse na presidência na época, talvez a União Soviética ainda existisse - afirmou Cheney.
O vice também destacou que o candidato democrata votou contra a primeira Guerra do Golfo, em 1991.
- Se John Kerry estivesse na presidência na época, Saddam poderia muito bem controlar o Golfo Pérsico agora. Poderia muito bem ter armas nucleares - declarou.
Por outro lado, o senador John Edwards, o candidato democrata à vice-presidência, faz discursos em tom positivo. Nesse caso, ele chamou as declarações de Cheney de "ridículas".
As tentativas de apavorar o eleitorado não se limitam a temas de política externa. Nesta semana, Kerry afirmou que Bush tem um plano secreto para privatizar a Previdência Social. Para o democrata, isso seria "um desastre para a classe média americana" e prejudicaria especialmente os aposentados.
Em entrevista ao "The New York Times", Bush teria dito que, se reeleito, tomaria medidas para "privatizar a Previdência Social". A campanha de Bush declarou que o jornalista inventou o comentário e que Bush nunca usou a palavra "privatização".
O presidente propôs a criação de contas particulares de previdência nas quais os americanos mais jovens poderiam colocar uma parte dos impostos que pagam à Previdência Social atualmente. Na prática, isso privatizaria parcialmente o sistema. Bush não explicou como financiaria essa modificação, que agravaria o déficit