Pesquisas revelam disputa apertada, com pequena liderança do grupo a favor da permanência do Reino Unido na UE. Campanha foi marcada por morte de deputada e discursos acirrados sobre impactos econômicos e imigração
Por Redação, com DW - de Londres:
Milhões de eleitores britânicos foram às urnas nesta quinta-feira decidir sobre o futuro do Reino Unido na União Europeia (UE) no chamado referendo sobre o Brexit. As últimas pesquisas antes da votação indicam uma disputa acirrada, com uma pequena vantagem para a permanência do país no bloco.
A expectativa é que o referendo, convocado pelo primeiro-ministro britânico, David Cameron, ponha fim ao debate de décadas sobre a posição do Reino Unido na UE. A campanha foi focada em aspectos econômicos e migratórios e marcada pelo assassinato da deputada Jo Cox, contrária ao Brexit.
Enquanto a campanha pela permanência do país do bloco, liderada por Cameron, apontou o caos econômico que o Brexit poderia gerar, com a perda do acesso ao livre-comércio com a UE, o grupo a favor da saída da UE focou nos problemas gerados pela imigração, alegando que a União Europeia pode não conseguir controlar esse fluxo, o que traria muitos estrangeiros para o Reino Unido.
Com a disputa apertada, as campanhas tentaram na quarta-feira atrair os cerca de 10% dos 46,5 milhões de eleitores que ainda estavam indecisos e, provavelmente, decidirão o referendo.
– Vá e vote pela permanência para um Reino Unido maior e melhor dentro da União Europeia reformada – disse Cameron na véspera da eleição. Já o ex-prefeito de Londres Boris Johnson, maior defensor do Brexit, ressaltou aos eleitores que essa será a última chance de sair do bloco.
Uma das últimas pesquisas mostrou a liderança da permanência do Reino Unido na UE, com 48% das intenções de voto. A diferença para o Brexit, porém, era pequena. Cerca de 42% dos britânicos declararam que votarão pela saída do bloco.
As urnas foram abertas às 7h (horário local) desta quinta-feira, e os 382 locais de votação serão fechados às 22h (horário local). A expectativa é que as primeiras prévias sejam divulgadas uma hora e meia depois.
A favor e contra
As pesquisas de opinião revelaram um país dividido, com uma maioria pró-União Europeia em Londres e na Escócia, e maioria a favor do Brexit na região central da Inglaterra. A primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, chegou a declarar que, se o Brexit vencer, ela realizará um referendo para a Escócia se separar do Reino Unido.
Os maiores jornais britânicos também ressaltaram sua posição nas edições desta quinta-feira: o tabloide The Sun estampou na capa "Dia da Independência", enquanto o Daily Mirror pediu a eleitores que evitem um "salto no escuro".
Líderes estrangeiros, como o presidente norte-americano Barack Obama, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e até o presidente chinês, Xi Jinping, pediram aos britânicos que votem pela permanência do país na União Europeia, uma posição apoiada também por organizações financeiras globais, diversas empresas e bancos centrais.