Não é difícil identificar os brasileiros pelas ruas de Lisboa, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca nesta quarta-feira, em visita a Portugal.
São garçons, barman, serventes, pedreiros. Conseguem trabalho, principalmente, no circuito que reproduz hábitos bastante populares em Portugal, como os restaurantes de comida a quilo, rodízios, bares que servem a caipirinha.
Alguns já assumiram o sotaque local, mas todos têm em comum o sonho que os fez deixar o Brasil e seguir para Lisboa: fugir do desemprego e buscar uma oportunidade melhor de ganhar dinheiro.
Atualmente, há cerca de 70 mil de brasileiros em Portugal. Destes, 10 mil estão em situação irregular.
Enquanto o salário mínimo no Brasil é R$ 200, em Portugal, vale 600 euros (R$ 1.900). Os brasileiros ocupam principalmente subempregos.
Há os que encontram trabalhos capazes de lhes garantir o suficiente para manter a família que deixaram para trás. Mais de US$ 4 bilhões são enviados todos os anos para o Brasil.
O fluxo migratório rumo a Portugal reflete a crise econômica brasileira. Em 1990, época do confisco da poupança decretado pelo presidente Fernando Collor de Melo, a quantidade de imigrantes para Lisboa cresceu.
No início do governo Fernando Henrique Cardoso, muitos retornaram. Depois, com o recrudescimento da crise, já no final do governo, mais brasileiros se arriscaram em seguir para Europa.