Rio de Janeiro, 30 de Outubro de 2024

Brasileira mostra o mundo silencioso dos surdos-mudos

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Sábado, 04 de Junho de 2005 às 06:42, por: CdB

Pouca coisa existe em matéria de filmes sobre a vida dos surdos-mudos. Excluídos naturalmente do mundo sonoro, são excluídos da sociedade para viverem sós ou em grupos no mundo do silêncio. Essa a importância inicial do curta-metragem Inouie, da jovem cineasta francobrasileira de Bruxelas, Maia Martins, em exibição no Festival Universitário do Rio de Janeiro (amanhã, dia 3 de junho, 16,30). Para conhecer e entender os membros de uma comunidade de surdos-mudos belga, Maia passou alguns meses aprendendo os rudimentos da comunicação por sinais com os dedos das mãos, com os quais eles falam.

E foi assim que conheceu Lut, surda desde os dois anos. Com a linguagem dos dedos, Lut conta como era infeliz ao ser forçada a conviver, na escola, com  crianças normais e os esforços feitos para aprender a linguagem dos lábios para poder conviver com os outros. Até descobrir o teatro com outros surdos-mudos e descobrir a normalidade no mundo do silêncio, se casar com um surdo-mudo - que no filme imita a fala dos normais por ter aprendido a linguagem dos lábidos - e ter filhos normais. Lut se diz feliz e ter tido muita sorte na vida.

Lut quebra aquela idéia preconcebida de que os surdos-mudos são infelizes por não viverem no mundo dos sons. Mas o filme nos convida, enquanto passam os letreiros finais, a imaginar esse mundo em que o som dos pássaros ou dos instrumentos musicais são imaginários. A revista de cinema belga, Cinergie fez os seguintes comentários a respeito de Inouie - "filme magnífico sôbre o mundo dos surdos através de Lut. Uma visão de um mundo desconhecido. Simplesmente humano."

Exibido em diversos festivais europeus, Inouie provocou o seguinte comentário dos apresentadores do Festival de Caen, na França - " Maia Martins nos faz mergulhar, com brio, no mundo ensudercido do silêncio, depois de uma passagem pelos ruídos da vida cotidiana. O documentário é tocante, sensível e pleno de bom sentimento. Ele consegue transmitir uma mensagem de tolerância et de solidariedade sem se tornar moralizante".

Convidado para a Mostra de São Paulo não chegou a ser exibido porque Maia não conseguiu obter o financiamento para transpor seu vídeo em celulóide.

Nascida em Paris, em 1977, durante o exílio de seus pais,  ainda durante os anos de chumbo da ditadura brasileira, Maia é franco-brasileira e, depois de estudos de filosofia, em Paris, decidiu tudo recomeçar para aprender a fazer cinema. Seu primeiro curta-metragem, como aluna do IAD, em Louvain-la-Neuve, foi No momento, não estou, comédia irônica sobre a vida sentimental de uma garota. Foi também assistente de direção, no primeiro curta-metragem de Taleb Jallouli (set designer de George Lucas em Star Wars, episódios I e II), apresentado pela televisão tunisiana.

Atualmente, é realizadora na RTBF, a Televisão Belga de Língua Francesa, e prepara um novo curta-metragem.

Assista ao curta-metragem no 10º Festival Brasileiro de Cinema Universitário
31 de maio a 5 de junho - UFF - Niterói

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Edições digital e impressa
 
 

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