O ministro de Relações Exteriores, Celso Lafer, afirmou nesta quinta-feira, após reunião com o presidente Fernando Henrique Cardoso e com os líderes dos partidos no Congresso Nacional, que é preciso esperar até que sejam encontrados os culpados pelos atentados terroristas aos Estados Unidos a fim de que o Brasil tome um posicionamento claro a respeito dos países árabes. Lafer lembrou que, tradicionalmente, a diplomacia brasileira não adota posições prematuras para evitar que sejam cometidas quaisquer injustiças. "Vamos aguardar a marcha dos acontecimentos antes de nos precipitarmos em relação a qualquer um", resumiu. A espera não significa, entretanto, que o Brasil esteja omisso em relação aos atos cometidos na terça-feira (11) contra os Estados Unidos. Lafer lembrou que o Brasil está de acordo com a posição da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), bem como de seu Conselho de Segurança, que convoca a comunidade internacional a combater todas as formas de terrorismo e responsabilizar aqueles que, de alguma forma, apoiarem suas ações. Apesar de estar ao lado da decisão da ONU, Lafer acredita que é cedo para falar em uso de força. "Naturalmente, mais que isso, agora é mais do que eu posso extrair. É claro, isto significa, não uma carta-branca, mas uma disposição da ONU de tomar medidas que naturalmente contemplam o uso da força", admitiu. Sobre a possibilidade dos atos terem sido executados sob o comando - ou patrocínio - do terrorista saudita Osama Bin Muhammad Bin Laden, Lafer lembrou que o Brasil já tem postura definida a respeito do assunto, já divulgada no decreto 3755, de 19 de fevereiro deste ano. O documento proíbe o fornecimento "venda ou envio de armamento ou material bélico, veículos militares, equipamentos paramilitares e peças de reposição para tais equipamentos ao território do Afeganistão, sob o controle do Talibã", bem como a "prestação de serviços de consultoria técnica, assistência ou treinamento a atividades militares do pessoal armado sob o controle do Talibã". Além disso, é decretado o bloqueio de fundos e recursos financeiros em nome de Bin Laden, pessoas ou empresas a ele associadas. Proíbe também o tráfego de aeronaves, vindas ou com destino ao território afegão sob o controle do Talibã, no espaço aéreo brasileiro. O decreto é resultado da decisão da Assembléia Geral da ONU e do seu Conselho de Segurança de Combate ao Terrorismo.
Brasil vai consultar o Congresso antes de apoiar qualquer ação armada
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Quinta, 13 de Setembro de 2001 às 19:01, por: CdB