Enquanto a economia mundial deverá manter, este ano, um forte crescimento, de 5,1%, e conservará esta tendência em 2007, com projeção de 4,9%, a América Latina crescerá um pouco menos: 4,8% neste ano e 4,2% em 2007. No continente, Brasil e México crescerão menos do que todos. Estas são as previsões contidas no relatório semestral do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgado nesta quinta-feira em Cingapura. O relatório prevê, ainda, que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro será de 3,6% em 2006 e de 4,0% no ano seguinte. O crescimento do México também estará abaixo da média latino-americano: 4,0% neste ano e 3,5% em 2007.
De acordo com o relatório, a América Latina seguirá em ritmo elevado de crescimento graças às altas cotações das matérias primas e à demanda interna. O documento, divulgado em Cingapura, aumenta em meio ponto sua projeção de crescimento para a América Latina em 2006, e em 0,6% a previsão para 2007, em relação ao texto de abril passado. A Argentina tende a liderar o crescimento da região, com aumento do PIB de 8% em 2006 e 6% em 2007, à frente de Venezuela (7,5% e 3,7%), Peru (6% e 5%), Caribe (5,6% e 4,8%) e Chile (5,2% e 5,5%).
Segundo o Fundo, "a demanda interna é o principal motor do crescimento" na América Latina, apesar da região também ser beneficiada pela atual alta nas cotações das matérias primas no mercado mundial, impulsionada pela forte demanda da China.
Mudanças à vista
Embora as previsões sejam positivas, o FMI acredita que o contexto mundial favorável à America Latina pode mudar a qualquer momento, em conseqüência do "aumento das taxas de juros, de preços menos elevados das matérias primas e de um menor apetite por capitais de risco". Para enfrentar este "desafio", o Fundo recomenda aos países da região que mantenham "sua política de disciplina fiscal" e aproveitem "o forte afluxo de capitais para aumentar o superávit primário".
Estas medidas "ajudam a reduzir a dívida do setor público e dão uma base mais forte para um período de debilidade", afirma o Fundo. O FMI cita como exemplo o Chile, que elevou seu superávit primário a 6% do PIB em 2006, contribuindo assim para a queda da dívida pública. O relatório alerta para a "alta" dívida pública dos países da região, o que limita a margem de manobra para "uma resposta em caso de debilidade do crescimento no futuro".
O FMI lembra que a região segue registrando "o crescimento mais lento entre os mercados emergentes e os países em desenvolvimento", apesar do forte crescimento da América Latina desde 2004. A instituição destaca, ainda, que "os lentos progressos na luta contra a pobreza alimentaram a frustração do povo", e pede aos países da região que adotem medidas "para garantir que os benefícios do crescimento sejam amplamente compartilhados" pela população.
América Latina
A região, que tem a segunda maior reserva mundial de gás e petróleo, não conseguiu, em sua maior parte, aumentar sua produção ou investimentos, apesar de o preço do petróleo bruto ter dobrado nos últimos dois anos, afirmou o Fundo em seu relatório semestral sobre a economia global. O Brasil, porém, está aproveitando os benefícios de investimentos de longo prazo da Petrobras, que finalmente fizeram com que o país em 2006 se tornasse auto-suficiente em energia.
Há duas semanas, o Banco Central reduziu a taxa Selic em mais 0,5 ponto percentual, chegando a 14,25% ao ano. Foi o décimo corte consecutivo desde setembro de 2005. A meta central de inflação do BC é de 4,5% em 2007 e 2008.
- Na Argentina, que cresce rapidamente, a política monetária vem sendo gradualmente apertada em reação à inflação de dois dígitos, mas continua tendo uma tendência de expansionista - disse o FMI.
A Argentina deve ter inflação de 12,3% neste ano e de 11,4% em 2007. Já o crescimento deve atingir 8% neste ano e 6% no próximo.
"O uso de contra-medidas regulatórias precisará se apoiar